*** Sábia Natureza ***

A natureza sábia e generosa acolhe no seu leito

A tenra e frágil criaturas, as plantas, árvores acolhedoras

Que com seus frutos e sombra alimenta e ameniza o calor

Dando aos homens meios para a sobrevivência no planeta.

O homem consumista e egoísta usa com ganância desmedida e destrutiva

O que generosamente recebe da natureza,

Sem escrúpulo depreda,desmata, corta põe fogo

O fogo queima, arde, consome, transforma em carvão, e cinzas

Ante o olhar insensível do homem seu predador incansável

O fogo abrasador abre fendas profundas nos troncos mais robustos, nas raízes

Porem não as destrói de todo, como se fogo precisasse de ar para continuar

Consome-se.

Às raízes ali ficam por tempo indefinido, jogados, amontoados, sem serventia

Aos olhos descuidados.

O fogo já cumpriu seu papel, esculpiu, delineou, talhou. Com receio do homem

Esconde e ofusca sua obra sob o carvão negro, largado no tempo indiferente ao olhar

Insensível que o rodeiam, adormece sob escombros.

A natureza espera... Paciente no vão do tempo, até que a curiosidade do ser humano desperta

Como a natureza generosa que espera que a sensibilidade aflore em mentes menos destrutivas e quem sabe recriadoras

Que olham além do feio ou triste alguém que acredite

Que tudo se transforma se tiver coragem de olhar sem criticar ou enojar de sua condição.

Pois não somos todos seres desprovidos de sentimentos. A natureza espera... Sábia conduz a criatura a olhar o feio

E quem sabe seu olhar encontre a fonte para sua obra. São olhos, são mãos que buscam um motivo para sensibilizar

E nessa busca para, atraído por tantas raízes queimadas e amontoadas, compadecida recolhe destroços que estão jogados, esquecidos

E a sensibilidade aflora e nasce um amor até então desconhecido, despretencioso, mas cuidadoso, cauteloso recolhe

Num simples carrinho de mão

E os leva para casa com se fosse um ferido necessitando de socorro e cuidados

Por onde passa desperta olhares de curiosos como se aquele ser estivesse tendo um surto de desvario e loucura

Paro e penso! Quem é realmente o louco, o que desmata, corta e queima ou aquele que recolhe e tenta sem saber como, salvar!

Que importa... Sigo em frente confiante que posso fazer algo.

Com generosidade lava limpa seus despojos, cuida de suas feridas tirando o carvão consumido pelo fogo,

E pela enésima vez lava suas feridas e com surpresa descobre lá no fundo o que a sábia natureza

Permitiu que o fogo esculpisse e que mais uma vez o ser humano descobrisse a beleza do artista fogo

Sujeito à natureza que usa a sensibilidade e transforma o sem forma em formas inusitadas

Mostrando mais uma vez que tudo podemos. Assim nasceram minhas obras em raízes de árvores queimadas,

Muito amor e muita sensibilidade e acima de tudo que sou apenas a socorrista.

" O fogo é o grande escultor."

Itaipuaçú, 01/2000

Darcy Bilherbeck.

Bilherbeck
Enviado por Bilherbeck em 28/01/2012
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