O novo ano chegou com explosões e cores no céu. E eu parecia uma criança que se vislumbra com o giz de cera, pintando no papel branco lindas telas nascidas da imaginação. Eu era a própria criança com todo brilho do início do ano nos olhos.
 
E eu pensei tanta coisa. Ergui preces por todos os dias que aquele recém-nascido ano me reservava. Não sei se todos são assim, mas eu sempre chego com pés de receio na travessia do ano novo.
 
Por isso, enquanto os fogos caíam manchando de festa o céu noturno eu me aproximava dos bons sentimentos e reverenciava a divina graça da esperança, pois não há melhor sentimento para o que estar por vir.
 
Eu desejei poder guardar as pinturas dos fogos de artifícios em uma caixinha embrulhada com capricho. E quem sabe endereçá-la para os amores que a vida me reservou... E foram tantos!
 
Abracei os meus vizinhos encharcando-os com a alegria daquele instante, unido os braços, reunindo as forças, afinal precisaremos, pois os dias serão muitos. E sozinho, quase sempre, é difícil cumprir o itinerário.
 
Nessa noite eu esperei que o sol chegasse sem demora e vestindo um elegante traje reluzisse o mais belo em nós. E assim, eu pudesse me juntar às gargalhadas do contentamento. Mas, o sol sabendo que é vagaroso mandou a lua linda que só ela, espelhando no mar sua bênção, soprando no mais íntimo de nós o vento dos bons presságios.
 
E os ventos da primeira noite do ano me beijaram. E foram logo me falando do passado rompido, do indecoroso mal do presente e da necessidade indissolúvel de viver a felicidade.
 
Sem se conter falou-me outras coisas mais. Falou dos sonhos que eu já tive, mas, que por um motivo ou outro acabei por abdicar.  Dos abraços que eu já quis abraçar, mas não deixei. Dos beijos que eu planejei roubar, mas fui traído pela presunçosa coragem. Da vontade de enviar uma mensagem carinhosa e depois de ter gastado tempo, depois de ler, reler decidir por não mandar. O vento avivou-me quando contou da ânsia de falar do AMOR que há em mim, mas não dizendo nada disse muito do medo engasgado.

Ora, desejo a simples vontade de fazer acontecer o que não fiz... Pra isso serve o novo ano.



Fonte / Imagem: www.bocaonews.com.br
Toni DeSouza
Enviado por Toni DeSouza em 05/01/2012
Reeditado em 19/03/2012
Código do texto: T3423230
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