Minha alma sangra...
Hoje vou deixar as palavras fluírem, a mente livre para expressar e assim deixar minhas mãos escreverem, tirar o peso excessivo que carrego na alma.
Hoje é o dia que deixarei soar o voo dos pássaros cativos, as rugas do meu silêncio e deixar o meu olhar penetrar os céus, no qual guardo as visões dos meus sonhos e pesadelos.
Hoje somente hoje vou deixar pairar no espaço celeste meus poemas, prosas e escritos, como vislumbrando uma imagem cintilante que já tive um dia.
Hoje permito-me construir castelos no horizonte da alma que me habita, neste emergir de um mar de névoas, onde trago a cor da vida, deixo-me levar com elas até o infinito e no sussurro doce e suave dos ventos da melancolia de cada madrugada vivenciada, assim talvez possa anunciar na claridade e ver o meu rosto umido de orvalho adormecido, sentirei o perfume da essência, como se fora um templo de incenso.
Tal qual uma metáfora musical, escutarei o som de vozes em harmonia, quebrando a frieza rígida dessa pedra a que chamam solidão e unindo sensação e emoção erguerei o olhar para o cume do bloco do meu silêncio... silêncio escondido, sofrido, doído e real.
Hoje vou deixar que as palavras voem e dissipem o silêncio que me corrói - talvez assim possa (re) descobrir, (re) inventar, (re) iniciar o bloco das minhas emoções (escondidas-contidas-omitidas).
Hoje só busco a água, o balsamo, o curativo para cicatrizar os pedaços de mim mesma que deixei pelos caminhos que percorri e nos quais me perdi de mim mesma...
Hoje sou um pouco de tudo, sou sempre metade nunca um inteiro - estou vazia buscando algo, alguém ou a mim mesma?
Hoje de fato a minha alma sangra, meu espírito dói, as lágrimas sucumbem, os olhos focados em busca de algo que preencha esse vazio, essa sensação de impotência, esse quadro de exclusão, essa falta de brilho...