A QUATRO MÃOS

O poema é todo teu, não há porque assinar contigo, em dueto, como desejas. Seria o cometimento de apropriação indébita. Fui possuidor autorizado, por instantes... Em compartilhamento de alcova, alcei-me ao segundo gozo. Por prazer intelectual, meus alter egos criadores trabalharam sobre a original lavratura, com alguma argúcia e desvelo. Realmente, por vezes, ocupa-me o ourives, o que trabalha a pedra bruta e preciosa. Sem o material raro, o que faria o cinzelador? Passar o buril em quê? Eu só pretendo saber onde fazer o corte, o desenho, o arabesco sonoro, para que aquele que, pego de surpresa, envolva-se nos véus da emoção. E saia dizendo que encontrou o Belo em trajes menores...

– Do livro PALAVRA & DIVERSIDADE, 2011.

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