A NATUREZA CHORA
A brisa fria e aflita corta o horizonte
Deixando sobre os montes
O orvalho fúnebre de uma triste partida
É a natureza que lacrimeja a morte violenta da flora
Enquanto a fauna chora a alma que agoniza
São lágrimas choradas pelo fogo das queimadas
Lágrimas que escorrem nas árvores retorcidas
Lágrimas derramadas que não trazem vidas
Lágrimas perdidas nas águas poluídas
Lágrimas deprimidas no vazio das paisagens
Lágrimas aquecidas no sol das estiagens
Lágrimas dos conflitos no solo selvagem
Lágrimas de coragem diante dos inimigos
Lágrimas esfumaçadas espalhadas no infinito
Lágrimas de amor pelos filhos da selva
Lágrimas de pavor dos roncos das motosserras
Lágrimas da terra que desintegra e faz poeira
Lágrimas das árvores que viram carvão nas carvoeiras
Lágrimas de saudade da nossa terra brasileira
Lágrimas das palmeiras onde cantavam os sabiás
Lágrimas saudosas da carta primeira
Onde Pero Vaz de Caminha escrevera
"Aqui se plantando tudo dá".