A NATUREZA CHORA

A brisa fria e aflita corta o horizonte

Deixando sobre os montes

O orvalho fúnebre de uma triste partida

É a natureza que lacrimeja a morte violenta da flora

Enquanto a fauna chora a alma que agoniza

São lágrimas choradas pelo fogo das queimadas

Lágrimas que escorrem nas árvores retorcidas

Lágrimas derramadas que não trazem vidas

Lágrimas perdidas nas águas poluídas

Lágrimas deprimidas no vazio das paisagens

Lágrimas aquecidas no sol das estiagens

Lágrimas dos conflitos no solo selvagem

Lágrimas de coragem diante dos inimigos

Lágrimas esfumaçadas espalhadas no infinito

Lágrimas de amor pelos filhos da selva

Lágrimas de pavor dos roncos das motosserras

Lágrimas da terra que desintegra e faz poeira

Lágrimas das árvores que viram carvão nas carvoeiras

Lágrimas de saudade da nossa terra brasileira

Lágrimas das palmeiras onde cantavam os sabiás

Lágrimas saudosas da carta primeira

Onde Pero Vaz de Caminha escrevera

"Aqui se plantando tudo dá".

Jose Augusto Cavalcante
Enviado por Jose Augusto Cavalcante em 14/10/2011
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