Comentários
Caríssimo E.: você escreveu que devemos "correr atrás de uma alfabetização cultural para descolonizarmos as mentes e os corações". Primeiro, devo esclarecer que nada há fora das manifestações da Natureza que, da invenção de nossos idiomas ao desenvolvimento dos vasos sanitários e banheiros, não seja produto da Cultura – sendo esta basicamente o resultado de nossas capacidades artísticas, que nos oportunizam técnicas de manipulações de ideias e matérias-primas à transformação da Natureza e feitura de outros mundos possíveis. Segundo, com nossos melhores esforços à promoção do que você e certos monges propõem (uma espécie de "vácuo" mental cultural, necessário à descoberta do que, além do que nos impôs nossa cultura, somos de fato), nada podemos fazer para tanto, a não ser substituir uma cultura por outra. Se melhor ou pior, só o Tempo poderá revelar.
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Um dos grandes equívocos ideológicos de todos os tempos é defender que "todos são iguais". Para contrapô-lo, prefiro difundir a verdade daquele velho conselho dos sábios populares: "se você quer algo bem feito, faça você mesmo".
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Por mais que eu saiba, ainda não sei "nada" – embora hoje talvez possa saber mais do que Sócrates pôde saber em seu tempo.
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A pergunta (Quem cala consente?) foi feita porque, fora você e outros poucos correspondentes, tenho feito provocações a argumentos de todo tipo no Facebook, como em outros sites, na esperança de que mais pessoas possam interagir comigo. Nem que seja pra me condenar por não ter ido ao banheiro antes de pensar, escrever e publicar certas ideias.
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L.: você faz o que todos nós deveríamos fazer sempre. Também sou fã de bicicleta e costumo ir bem longe quando decido sair por aí. Penso que, como gestor público na área de urbanismo, poderia padronizar as calçadas da Epitácio Pessoa (em João Pessoa-PB) da Praça da Independência à praia (ou talvez todas as calçadas da cidade) a fim de gerar condições ao tráfego de ciclistas, patinadores, skaitistas e pedestres. O problema maior, entretanto, seria educar esse povo todo a transitar em harmonias.
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M.: os quadros sobre Krishna encantam por tudo o que você disse e realmente dão essa sensação de revigor, já que exaltam a Vida no que ela tem de mais colorido e alegre. Ao contrário das imagens de santos cristãos, cobertos de panos pretos e culpas, os santos de Krishna são representações da pureza e da felicidade.
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A igreja católica fundamenta sua crença, e as representações que faz dela, no "temor a Deus" e Seus castigos aos nossos "mal-feitos". Como sorrir, por exemplo, para um monge personagem de O NOME DA ROSA, um ato obsceno de deboche diante dos sofrimentos que Jesus padeceu por nossa salvação.
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Não use o nome do índio em vão.
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F.: não sei por qual necessidade essencial é às vezes preciso mudar as formas escritas de nosso idioma, ou de qualquer outro. Certamente há evoluções de tudo, e mesmo das formas da linguagem – já que o bate-papo cotidiano inventa novas expressões, as gírias, e muitas são incorporadas à Gramática pela Literatura cujos artistas subvertem a Gramática em experimentos e terminam por ganhar prêmios por isso. A revista do personagem "Chico Bento" - bem como o defeito de vocábulo do personagem “Cebolinha”, ambos personagens de Maurício de Souza - pode ser boa para o estímulo a leituras (já que há nela mais imagens que palavras), mas não para se aprender a falar e escrever corretamente - sendo "corretamente" considerado quando usamos as formas clássicas desenvolvidas pela Gramática no exercício da escrita. Quanto ao número de pessoas escrevendo “errado” a atrapalhar informações sobre como escrever certo, um número considerável delas – por preguiça intelectual ou, por outro lado, para “não perder tempo” – anda já usando muitas abreviaturas de palavras que, além de difíceis de entender (a despeito de comunicar bem a quem usa desse artifício), pelo menos pra mim torna o texto plasticamente feio. Mas, é como tenho dito: sou da penúltima geração. Apesar, de como todo candidato à velhice, estar descambando para conservadorismos, sou um artista, remanescente da resistência contra estagnações, e então será meu dever me adequar às novas formas de apresentação da Vida enquanto por aqui eu estiver.