O POETA E SEU TEMPO

Amigo e confrade! Agrada-me jogar nas páginas de novíssimas edições textos igualmente inéditos, publicando-os, portanto, em primeira mão. No entanto, utilizo as redes sociais da net – como é o caso do Orkut – pra funcionar como amostra de obra em prosa ou verso. Imagino que o texto “na rua”, em quaisquer amostragens, faz com que a peça, por si, possa vir a interessar aos leitores, principalmente aos midiáticos de todo o sempre – os inquietos em busca do sucesso... Também percebo que o poeta, por definição – até na etimologia da própria palavra grega "poetés": o antevisor, o que está adiante de sua época – não se destina a ter muito brilho em vida, a ficar muito conhecido em sua vida terrena. O bom poeta está sempre além de seu tempo, e vai ser "redescoberto" depois de sua passagem para a outra margem da vida. A figura emblemática do POETA não se destina a fazer sucesso em vida, e usualmente não consegue visibilidade pública, a não ser que tenha a POESIA como parte de seu ofício na mídia diária, principalmente a impressa escrita, como foi o caso de Drummond e Ferreira Gullar, no centro do país, e Mario Quintana, aqui no sul. E, em regra, estes exercem o jornalismo cultural, com atuação na grande imprensa. Daí a visibilidade midiática: tornam-se míticos ainda em vida. Mesmo porque o papel ou o monitor aceitam tudo o que se apor neles... Hoje em dia, a net é o paraíso dos diletantes e dos aposentados de plantão... Os endoidecidos pela mídia (querendo sair do anonimato) produzem costumeiros alvoroços apontando plágios às carradas... Por vezes, briga de cão e gato, principalmente entre mulheres-poetas disputando afetos e fazendo, em realidade, terapia grupal e maquilagem verborrágica. Coisas de humanos e seu precário tempo...

– Do livro NO VENTRE DA PALAVRA, 2011.

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