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Não creio que alguém de bom coração, de boa índole, como se diz, queira deliberadamente machucar outra pessoa. Mas às vezes H. tem razão, e aí não se poderá dizer certas verdades. Muitas revelarão coisas que apenas nos dizem respeito, e temos direito a não revelá-las a ninguém. É aquela história: se você não quiser que eu minha, não me faça certas perguntas e aguente as dores que podem lhe causar certas verdades. Por outro lado, V. tem razão: nada como o prazer de ser verdadeiro com os outros (quando possível), já que é impossível não ser verdadeiros para nós mesmos.

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O problema fundamental na administração do Poder Público é o de sempre, meu querido A.: gente em setores para os quais não tem competência intelectual para estar, estando apenas para atender necessidades individuais dos "representantes do povo" que, por toscos princípios políticos, são apenas representantes deles mesmos. E a coisa piora bastante quando tal acontece no setor da Educação. Infelizmente, nos parece não haver nada a fazer que a curtíssimo prazo possa resolver o problema da educação brasileira. O negócio é ir minando as possibilidades do nascimento e proliferação do joio e cuidar melhor dos locais onde temos plantado o trigo.

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Adiciono aqui algumas pessoas que não conheço e peço pra ser amigo de quem nunca vi. Mas não se preocupe: não espero que você seja minha verdadeira amiga. Não tenho direito de pôr em seus ombros tanta responsabilidade.

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Alguns filósofos acreditam que a mulher é mais inteligente que o homem, enquanto outros compreendem melhor distinguir os valores da inteligência de um e de outro gênero como complementares do desenvolvimento humano. Nessa "guerra” entre os sexos, nessa luta por conquistas de igualdades e superioridades, os homens, ainda detentores da maior parte dos poderes, inteligentemente abriram mão de certas posições (como as de provedor das condições de sobrevivências da família, por exemplo, hoje cada vez mais necessitadas), em cumprimento as exigências da libertação financeira feminina. O que aconteceu desde então todos sabem, sendo a feminina nova geração-piercing detentora da conquista (de suas bisavós hippies, entre outras) dos direitos a livres iniciativas de assédio sexual (contra, ou melhor, a favor dos meninos e de algumas amigas), além de contribuintes de reformas gramaticais que deram outros significados ao verbo “ficar”.

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Caro F.: infelizmente - e felizmente - não somos todos a mesma coisa. Se assim fosse, não haveria motivos para que preferíssemos preferir Gandhi ao invés de Hitler. Você tem razão: é preciso aprender primeiro a cuidar de nós mesmos, a fazer de nós mesmos os seres humanos que queremos ver serem os outros. Mas, entre as muitas diferenças, há aqueles que só "cuidam" da vida dos outros os considerando apenas fontes de alimentos a suas próprias sobrevivências. Pense nas histórias sobre vampiros. Toda obra de ficção, por mais absurda que seja, é baseada em fatos reais. Entre nós, alguns não são já verdadeiros humanos.

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Cro M.: ao mencionar o que falta para o desenvolvimento das artes populares você lista exatamente o que as fazem ser o que são: expressões da cultura popular. A tensão crítica entre o valor do popular e do erudito é saber se e o que se deve preservar da cultura popular, em detrimento daquilo que pensamos poder (e dever) se desenvolver em outras direções.

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Empurrar a morte pra frente deve ser melhor do que se sentir empurrado por ela. De qualquer forma, não compreendo que nascemos para sofrer ou para ser felizes. Os propósitos da Vida (e das nossas) são unicamente viver e fazer viver. No percurso, uns parecem nascer pra sofrer, como diz aquela música que Tim Maia compôs depois que leu o livro UNIVERSO EM DESENCANTO. Outros decidem para onde lhes levarão suas pernas, cujo único propósito é fazer-nos andar. E assim caminha a humanidade.

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Nietzsche, o anticristo, dizia que, de fato, não somos completamente responsáveis por nossos atos. Há inegavelmente heranças muito antigas que nos constituem, não apenas aquelas mais próximas que nos fazem parecer “a cara” de nossos últimos pais. E falando aos ecologistas naturalistas de plantão (absolutamente nada tenho contra eles), um selvagem jamais dará exemplos de comportamento humano, haja vista que o humano não é um produto da Natureza, mas dos movimentos da Cultura.

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Não sou chegado a restaurante de massas. Mas apesar de gostar de uma boa lasanha, massa mesmo é um feijão verde escorrido, misturado com legumes temperados no alho com azeite e pitadas de sal e (até) cominho, depois salpicados de coentro. Pra acompanhar, salada de batata e cavala frita acebolada, ou no coco, com arroz integral.

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Não há moral na Natureza, nem entre os insetos, nem entre as plantas, nem entre os animais. Na divertida comédia de animação “Madagascar” isso se torna evidente nas reclamações dos animais protagonistas da história. Acostumados com a boa vida no Zoológico, eles não querem saber dos desconfortos e violências da Natureza; fora a Zebra – que, depois de ter finalmente satisfeito seu irracional desejo de voltar à selva, onde não sabe que seus amigos leões devoram zebras, e onde a fome de seu amigo leonino atinge níveis insuportáveis fazendo-o desconsiderar momentaneamente o direito à vida de seu amigo zebra.

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Não me incomoda que comerciantes explorem ou mesmo inventem motivos de homenagens para faturar mais. O que me incomoda é que fomos incompetentes nas administrações de nossos poderes (familiares e públicos); e agora, mais do que nunca, munidos de vergonha de nossa masculinidade, temos dado oportunidades para que nossas patroas dominem todos os espaços onde se pode exercer o poder. Só espero que a tal "amorosa feminilidade" não seja apenas mais um adorno feminino, uma pele de ovelha sobre corpos de lobas famintas, e que "o camarada" Dilma não seja, enfim, apenas mais uma "dama de ferro".

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Minha complexidade reside aí: “como alguém que, em teses, ‘teria o direito de ser arrogante’, não é?” – perguntam alguns que pensam me conhecer. Talvez pelo orgulho dos resquícios de minha piedade cristã: graças a Jesus, me tornei ao mesmo tempo conscientemente orgulhoso de minha exclusiva riqueza interior e de minhas participações na miséria universal.

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Meu caro L.: na verdade, é imensa a lista de meus quereres. Infelizmente, não posso ter tudo o que quero, e mesmo o que posso às vezes não devo querer. "Não, não e não", sozinho ou na multidão, grito eu a apresentação de certas coisas no mundo. Mas e daí? Se dá aí, não dá aqui, acolá, em todo lugar, e então será melhor usar o bom senso, a razão à percepção da imperfeição de certas coisas que não deveriam ser, mas são. Se serão ou não, dependerá mais de certos sins que de qualquer “não”. Abraços, irmão.