O crime de Bragança Paulista e a pena de Morte.
Algumas atitudes estúpidas transmitem a imagem de que a vida humana perde o valor a cada dia. Alguns, chegam mesmo a matar por causa de alguns míseros reais.
Diante do que se afigura, inevitável não questionar:
O que fazer diante de crimes hediondos, onde a vida humana é barbaramente desrespeitada e covardemente tirada, de maneira cruel , como o que ocorreu em Bragança Paulista no dia 11/12/2006, onde após o roubo, ladrões amarraram e atearam fogo em suas vítimas, matando inclusive uma criança de 5 anos.
O que fazer diante de tão deplorável atitude?
No calor dos acontecimentos, não raro, muitos pedem pena de morte, outros vão além e dão a sentença condenatória:
Devem ser mortos em praça pública!
Olho por olho, dente por dente!
São monstros, não merecem recuperação!
Sim caro leitor, é mesmo difícil, principalmente para amigos e familiares das vitimas. Mais complicado opinar sobre o assunto quando a manta das emoções nos envolve.
Mas enfim, sejamos práticos e questionemos: Será que a pena de morte resolve mesmo os problemas?
Será que matar essas pessoas em praça pública trará de volta a vida de toda a família?
Será que se partíssemos para o revide não estaríamos nos igualando com aqueles que cometeram o crime?
Caro leitor, a pena de morte, em realidade, apenas nos aproxima da barbárie e não soluciona o problema.
Querer extirpar a criminalidade exterminando os autores dos crimes, como se fossem monstros em pele de gente, se constitui em total ingenuidade.
Ingenuidade porque nós, seres humanos ainda em busca de uma visão mais clara da vida e dos fatos, - inclusive aqueles que compõem o poder judiciário - , temos poucos subsídios para julgar acertadamente, assim, corremos o risco de incorrer em grave falta: Condenar um inocente.
Apenas para se ter uma idéia, nos Estados Unidos, entre 1900 e 1985, 360 pessoas condenadas a morte conseguiram provar sua inocência, todavia, 25 destas pessoas, foram declaradas inocentes após sua execução.
O que prova a precariedade da Justiça dos homens e a inviabilidade da pena de morte.
Sem contar que países que praticam a pena de morte como Estados Unidos, onde ela é permitida em 38 dos 50 estados da nação, Paquistão, China, Indonésia e Afeganistão, não tiveram seus índices de criminalidade diminuídos.
Ao contrário, a criminalidade segue a plenos pulmões, os crimes pululam por todos os cantos, as drogas não perderam espaço e a vida humana não ganhou um milímetro de valor porque estão praticando a pena de morte. O que joga por terra a tese de que exterminar pessoas torna melhor, mais seguro e saudável a vida nesses países.
A pena de morte apenas alimenta o ódio da família, dos amigos e do próprio condenado contra a sociedade.
É ela fruto de uma cultura descartável, sem grandes comprometimentos com a vida e com projetos a longo prazo.
Muito mais fácil e barato:
Cometeu crime. Simples, extermina e elimina o suposto câncer da sociedade, em realidade, não se quer muito esforço, porque dar condições para que alguém volte ao convívio social através da educação é muito trabalhoso e oneroso, demanda tempo, dinheiro e sobretudo, um artigo raro: Amor.
Então, recorre-se a eliminação.
Outra questão a se analisar é o que de fato se quer ao defender a pena de morte: Será que ao defender a pena de morte, o individuo está com os olhos voltados a melhoria da sociedade? Ou quer ele apenas que seja satisfeito seu desejo de vingança?
E veja o prezado leitor, sequer tocamos em assuntos referentes a religião ou direitos humanos, pois, nos detemos apenas a questões puramente sociais.
Então, como diminuir a criminalidade e dar segurança as pessoas?
Certamente não será com a implantação da pena de morte, mas sim, com a inclusão social e a disseminação da educação para quebrar o circulo vicioso: equivoco – prisão – ociosidade.
O que não pode é dar brechas para a ociosidade construir planos mirabolantes, e é infelizmente, o que vemos em nosso país: Penitenciarias servindo de escolas para crime.
É dever do Estado em conjunto com a sociedade criar mecanismos para o soerguimento dessas pessoas. Nesse mister, o trabalho trafega em duas mãos: Promove o bem coletivo ao restituir os prejuízos à sociedade, e consolida o crescimento individual, ao livrar o individuo da ociosidade que é sem duvida o abrigo de toda idéia criminosa.
Por isso, caro leitor, o plantio começa agora, a mobilização social deve girar em torno da educação e do amor, da instrução e do perdão, a fim de que não sejamos engolidos pela violência e não tenhamos que pedir a famigerada Pena de Morte!
Pensemos nisso!