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Caro Xico Sá: obrigado por sua participação em nosso “Agosto das Letras”. Suas observações sobre a quanto anda a “guerra dos sexos” foi instigante. É mesmo sua tendência à cultura da "fuleragem", e sua aversão um tanto pequeno-proletária ao caráter “fresco-burguês” da Literatura – misturada a sua sensibilidade e inteligência – o que lhe promove o sucesso como cronista, já que o Brasil, afinal, não é um país tão sério assim. "Ainda bem", dirão alguns, enquanto outros pensam melhor considerar que "brincadeiras têm hora". Gostei muito da imagem do supermachão, que usa dois sabonetes para não esfregar com o mesmo o pinto e a bunda. Também gostei da provocação da escritora cidadã pessoense Maria Valéria Rezende (Foto), sobre a necessidade de reflexões acerca da essência da macheza ao citar aquele velho sertanejo, que observou apenas ser “um grande macho” capaz de assumir e declarar, publicamente, sua homossexualidade. Quanto ao seu sonho de escrever um romance, depois dele, haverá outro: o de escrever um melhor e, depois, um “perfeito”. Melhor será não se impor obrigações, e que você escreva sobre o que desejar e quando quiser – sendo esta segunda opção difícil de realizar, ou porque você precisa escrever para cumprir compromissos trabalhistas, ou porque absolutamente não somos senhores de nossas inspirações e expirações. Agora que sei mais ao seu respeito, espero poder acompanhar mais de perto sua produtiva fuleragem. Grande abraço, e volte sempre.

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Caro Tomáz: às vezes, como você sabe, não é preciso ter ido a um lugar para que o conheçamos. Pitágoras dizia que não aprendemos: recordamos. Por isso, todos nós sentimos saudades de "nosso lar" primeiro, daquele recanto da Vida infinita de onde provieram as gotas de luz que se nos tornam por algum tempo. Sei que você ama nossa querida Terra e quer ficar aqui. Deixe uma marca de sua presença sobre este mundo no tronco de uma árvore secular ou numa pedra. Mais que nos livros ou em sites, será lá que a memória de nossos nomes haverão de resistir por mais tempo ao fim da história. Grande abraço.

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No chamado mundo espiritual ou, como gosto de dizer, na dimensão temporal do Espírito - que é a eternidade - não há o movimento exclusivo para o passado ou para o futuro. Certa vez, fazendo exercícios de imaginação, pensei na história de um santo que, como Buda, depois de ter conquistado todas as etapas da percepção espiritual, morrera em algum momento do século XXI para cumprir sua última existência, antes de finalmente voltar para o Céu, reencarnando no passado como Jesus Cristo.

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E se eu lhe disser que o tempo, como tudo mais, é uma experiência psíquica e que, astrofisicamente, tudo é sustentado em movimentos num momento eterno? Só historiadores como nós, documentais e imaginativos, criam (ou inventam) a história.

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Penso que a depressão se dá por um excesso de lucidez sobre alguns aspectos essenciais e inescapáveis da vida e, mais particularmente, da vida do deprimido. Quando em estados profundos de depressão, receber um monte de dinheiro de presente - que proporciona a maioria das pessoas um prazer somente comparada ao orgasmo - o fará pensar não merecê-lo por não ser ele gerente de nenhum depósito de lixo.

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Gaby: ao usar as diferenças entre quente, morno e frio, Jesus Cristo quis dizer da tendenciosa exclusão dos "mornos" de sua convivência, sendo eles talvez exatamente aqueles que, às vezes, não pensam nada e, outras, pensam por si mesmos – embora nunca vivam integralmente de acordo com aquilo que acreditam. Os quentes são para Jesus aqueles como ele próprio, que renunciam à própria vontade e se determinam a fazer "as vontades de Deus". Os frios são para ele, acima de tudo, aqueles que exclusivamente fazem a própria vontade em detrimento das necessidades alheias, a despeito das sugestões jesuínas para que sejamos perfeitos – tanto quanto aquele que, graças a Jesus Cristo e sua recusa em aceitar certas exclusividades judaicas, consideramos "nosso Pai".

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É, Lacet: mas, de fato, a África não é feita apenas de misérias e, na atualidade - de uns muitos tempos pra cá - muitas instâncias do próprio governo africano, suas milícias e selvagerias (culturalmente inspiradas nas de seus conquistadores) foram também responsáveis por muito do que se pode encontrar de pobreza entre africanos, embora isso não diminua o peso da Europa pelos crimes que cometeu; e não apenas com africanos, mas com todos os outros povos de países e continentes conquistados pelos europeus que, por sua vez, sofreram a brutalidade e as consequências depreciativas das lutas que, por séculos, manteve entre seu próprio povo. Se fôssemos aqui atrás das origens dessa merda toda, talvez fôssemos forçados a admitir que tudo começou com Caim.