CARTAS MARCADAS

– para Mariza Nonohay, advogada e escritora.

Sou grato e penhorado pela confiança no meu humilde trabalho como escrevinhador. Porém, juro que não tenho pressa pelo reconhecimento público. Já disse, em outra oportunidade: o transcorrer dos dias é sempre a favor do poema. E digo mais: o tempo é – da mesma forma – a favor da obra a ser fuxicada... O tempo, em verdade, é quem não deixa vivificar mentiras... Bom que há profissionais dispostos a avaliar obras inéditas. Um desses talvez possa vir a examinar minhas obras e conseguir publicação para elas. Pena é que conheço esse jogo: tudo são cartas marcadas. Interesses. Critérios de conveniência e oportunidade. Porém sei que chegará hora em que os meus livros terão o devido acatamento. Por ora, nem tenho disponibilidade para atuar como agente literário: fazer tarefas de alto quilate em relação à obra de terceiros, mesmo que bem pago. Lograr sucesso com os editores é tarefa penosa, se bem que com maior probabilidade de obter êxito caso se esteja lutando por terceiro... Torna-se vivo o embate de promessas de “best sellers” com os custos de edição e distribuição. Desde logo se sabe quem sairá perdendo. Não é à toa que se paga aos autores – por lei – apenas dez por cento do preço de capa do livro, a título de direitos autorais. Os outros noventa caem na garganta profunda...

– Do livro TIDOS & HAVIDOS, 2011.

http://www.recantodasletras.com.br/mensagens/3129553