PERDÃO
Vivo a pedir perdão todos os dias, em cada minuto do dia, a vários dos entes que me couberam e me cabem como companheiros, a começar por aquela a quem devo a vida e a quem consagro a minha, perdão por tantas vezes fazê-lo a contragosto e em sofrimento (que tal sacro-ofício me tomou praticamente os ofícios outros todos que me devo, por absoluta falta de apoio da família) até, e acima de tudo, a um homem, o mais amado e o mais triste dos homens pelo crime de, nesta vida, tê-lo abandonado, em razão da aparição de outras fidelidades às quais, por certo devia e devo, também, cumprimento; injunções incompreensíveis de um Destino talvez traçado há milênios, Destino perante o qual só me restou curvar-me, curvar-me e curvar-me, tentando crer que, de tantas Renúncias, ainda nos virá a todos, em alguma outra Vida e Tempo, a Compreensão e o Bem Necessários.
Republicação na manhã de 12 de julho de 2011.