Fotografia by Ana Flávia de Meira Bulek
Virando a Página
Ainda ontem, seu amanhecer foi tardio e lento. Era um breu intenso numa noite que parecia não ter fim. Perdera o chão e não vislumbrava qualquer vestígio de luz no final daquele inesperado túnel de uma noite sem o brilho das estrelas.
Ainda ontem, estava com a boca amordaçada, num triste caminhar sem rumo, no breu de uma noite que parecia não ter fim.
Tomou coragem para mudar a direção da sua nau, refazer as rotas e repensar o percurso para voltar ao seu porto seguro.
Ainda ontem, quando a escuridão cobria de vergonha os seus olhos verdes, tateou pelo escuro do quarto cheio de ilusões passageiras e, encontrou finalmente, o interruptor, conseguindo acender a luz. Decidiu então abrir o livro de memórias, e ele ainda estava lá, amedrontando, sufocando e lhe empurrando para um beco sem saída, lhe obrigando a dobrar uma esquina que não dava em lugar algum.
E naquele mesmo livro, viu que os sonhos são passageiros, mas também leu que o caminho pode ser refeito, mesmo que não haja mais do que um par de sandálias e uma jarra de água fresca.
Sorveu da água como quem está diante de um oásis cercado de areia por todos os lados. Decidiu buscar outra saída, mesmo nos perigos do breu da noite sem estrelas.
Hoje, ao virar a página, teimou em olhar para leste e, nos dentes enfileirados da Serra do Mar, pensou num oceano de possibilidades que lhe aguarda, num delicioso amanhecer com sol.
Virando a Página
Ainda ontem, seu amanhecer foi tardio e lento. Era um breu intenso numa noite que parecia não ter fim. Perdera o chão e não vislumbrava qualquer vestígio de luz no final daquele inesperado túnel de uma noite sem o brilho das estrelas.
Ainda ontem, estava com a boca amordaçada, num triste caminhar sem rumo, no breu de uma noite que parecia não ter fim.
Tomou coragem para mudar a direção da sua nau, refazer as rotas e repensar o percurso para voltar ao seu porto seguro.
Ainda ontem, quando a escuridão cobria de vergonha os seus olhos verdes, tateou pelo escuro do quarto cheio de ilusões passageiras e, encontrou finalmente, o interruptor, conseguindo acender a luz. Decidiu então abrir o livro de memórias, e ele ainda estava lá, amedrontando, sufocando e lhe empurrando para um beco sem saída, lhe obrigando a dobrar uma esquina que não dava em lugar algum.
E naquele mesmo livro, viu que os sonhos são passageiros, mas também leu que o caminho pode ser refeito, mesmo que não haja mais do que um par de sandálias e uma jarra de água fresca.
Sorveu da água como quem está diante de um oásis cercado de areia por todos os lados. Decidiu buscar outra saída, mesmo nos perigos do breu da noite sem estrelas.
Hoje, ao virar a página, teimou em olhar para leste e, nos dentes enfileirados da Serra do Mar, pensou num oceano de possibilidades que lhe aguarda, num delicioso amanhecer com sol.