SILÊNCIO

Plantamos sementes ao longo da vida, e por que alguns não querem ver os frutos da colheita?

Existem sentimentos de quem começa o ciclo da vida e deixa a vida cuidar depois?

O que sente quando termina o dia, lembrando que existem laços que não ficaram fortes? Laços frouxos, mas importantes?

Silêncio de anos. Silêncio do dia a dia.

Engatinhamos, escoramos e insistimos. Andávamos, olhávamos pra trás e não víamos nada. Nunca ouvimos palavras de incentivos, palavras de preocupações, palavras de encorajamento.

Os dias passando e só percebíamos que faltava um. Faltava alguém para ajudar no seguimento da vida. Faltava alguém para nos abraçar.

Viramos sobreviventes. Vivíamos hoje na esperança de um amanha melhor. Um amanha tranqüilo, um amanha com paz e um amanha com perspectivas.

Tínhamos a luta e precisávamos vencer. Nunca pensamos que perderíamos. Às vezes a batalha era ardente, e no final do dia, não tínhamos tanto sucesso, mas continuávamos. Tínhamos somente a opção de continuar.

A vitória chegou. Muitas vitórias. Olhamos o passado e lembramos apenas das histórias fortes que ficaram pra trás. O presente é muito diferente do passado.

Silêncio de anos. Silêncio do dia a dia.

Respostas ainda não dadas. Perguntas não respondidas. Encontros que não aconteceram. Conversa não mantida. Peças de um quebra cabeça que ainda não foi terminado.

Silêncio de anos. Silêncio do dia a dia.

O encontrarei. Entenderei porque não colheu os frutos. Saberei porque não viu as novas safras.

Saberei porque cuidou de novas plantações que não eram suas. Por que quis colher os frutos que não eram seus.

Por que não teve amor e zelo na sua única semente verdadeira? Por que deixou que sua safra se misturasse e se ramificasse?

Silêncio de anos. Silêncio do dia a dia.

Talvez ainda dê tempo de nos acertarmos. Tempo de conversarmos e nos conhecermos. Senti falta do que não tivemos.

Ter as conversas e os risos que nunca escutados. Assistir um filme juntos. Falarmos da vida. Saber no que nos parecemos. Identificar nossos trejeitos. Ouvir histórias.

Acreditei que havia “matado” aos anos você dentro de mim. Não matei você dentro de mim, porque sou sua semente que germinou. Ainda não chegou o momento das minhas plantações.

Um dia talvez, consigamos conversar. Um dia talvez, consigamos nos aproximarmos. Quem sabe num desses dias, eu consiga olhar e poder falar “pai”.

Silêncio de anos. Silêncio do dia a dia.

Autoria. C. Ortega19/06 às 16:06 Meu blog: http://ortegacr.blogspot.com/

C Ortega
Enviado por C Ortega em 26/06/2011
Reeditado em 28/06/2011
Código do texto: T3058262
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