Convite
Convite
Ouça! Apenas o tempo necessário.
Meu tom pode estar fora
ou dentro ou flutuando
mas essa sua pressa, não tenho.
Vou correr do quê?
Ou para que?
O tempo gira completamente redondo.
Aliás, tudo é redondo. Dessa forma, se correr estarei voltando. Não quero voltar.
Vou buscar a cor da sombra. Gostaria de ir comigo?
Vou planar sobre copas. Observar.
E ouvir canoros sons.
Palpáveis.
Não terão lamentos
porque o fugaz momento
é de paz. Vamos? Caso aceite,
leva consigo uma nuvem d’água,
um caderno para notas,
um motivo para estar.
Mas se for, siga as curvas
porque as retas são traiçoeiras,
são insensatas e próximas demais.
Não valem o sacrifício do andar.
Estou indo. Siga-me ou não.
De alguma forma sei que nos encontraremos.
Mesmo que demore ciclos.
Peço que não apague os meus rastos
E nem procure pela minha sombra
porque é meio dia.
Ela ainda está dentro de mim.
Intacta! Apesar da ansiedade
que a ausência da cor lhe deixou.
Vou por instinto
sem trajetos específicos.
Mas anjos me dizem
que estrelas nascerão
E o Sol, ainda tão indeciso,
surgirá como um grito
libertando a sombra em forma
de riscos.
(Aceito os riscos como forma
exclusiva de libertação.)
Acompanha-me? Ótimo.
Já era hora.