MULHER DE VIDA (nada) FÁCIL

Sou aquela que não tem horário,

Que tem encontros furtivos

Na calada da noite, me esgueirando

Pelos escuros dos muros, por trás das árvores.

Sou aquela que não pode pedir nada,

Que nada tem que possa dizer: é meu!

Que aluga seu corpo sem pedir licença ao coração,

Já que este a muito não é seu.

Sou aquela que por trás da maquiagem impecável

Tem na face um borrão,

Com lágrimas que mancham o rouge,

E escorrem, sujando todo batom.

Sou aquela a quem nunca chamam de amor ou flor,

Que chamam de filha sem mãe,

Que agridem sem saber porque,

Depois de urrarem de prazer.

Sou aquela que travestida de feliz

Faz a felicidade alheia,

Mas que um dia morre, infeliz,

Vivendo, sem sequer existir.

Claudia Nunes

13/09/2005