VAMOS FALAR DE FUTEBOL
VAMOS FALAR DE FUTEBOL
Marcial Salaverry
Há muitos anos atrás, um tal de Charles Miller resolveu desembarcar no Brasil, trazendo um objeto redondo nas mãos, e depois se soube que era destinado para a prática de algo chamado foot-ball. Aquele objeto redondo chamava-se bola, e deveria ser maltratado com os pés, pelos praticantes do balipodio.
Com o correr do tempo, acabou se transformando em algo mais do que paixão nacional.
A princípio, apenas os homens praticavam esse esporte, bem como praticamente só homens frequentavam os estádios para assistir às partidas de futebol (logo o nome foi abrasileirado).
Não era elegante mulheres verem os homens usando calções correndo desesperadamente atrás de uma bola. As damas da época apenas cuidavam de suas funções de donas de casa, sem se ocupar de coisas tão mundanamente masculinas.
Ainda mais que os homens quando seu time perdia, ou quando o juiz cometia eventuais lapsos contra seu time, dirigiam impropérios em altos brados, manifestando muitas dúvidas quanto a honorabilidade de algumas progenitoras, como se elas fossem culpadas pelos erros que aconteciam em campo.(convenhamos... Existe melhor maneira de dizer que xingavam a mãe?).
E os delicados ouvidos femininos não poderiam ouvir semelhantes barbaridades. Dize-las então, nem pensar. Contudo, com a evolução dos usos e costumes, as mulheres não somente começaram a frequentar os estádios para assistir às partidas de futebol, rivalizando-se com os homens para manifestar sua indignação, soltando todos os palavrões possíveis e imaginários e mesmo inventando alguns, como também praticando o esporte, sem medo de ficarem masculinizadas.
Aliás, verdade seja dita, o fato de existirem mulheres masculinizadas independe do esporte ou da atividade que praticam. Portanto, o futebol nada tem a ver com isso. Não o culpem.