Anjo ferido
Anjo ferido
Na noite fria de junho
Caia devagar,
Vi as asas se juntando
Sem forças de voar
Vi as gotas vermelhas
Do peito a sangrar
Os olhos se fechando
E os cabelos sossegando
Na pedra gelada da rua
Caiu o ser angelical
A boca azulada
Parecia dizer algo
Palavras ininteligíveis
Ate adormecer
De repente revoada de asas a bater
Juntando-se ao anjo ferido
Vendo-o morrer
Mas anjos não morrem
Unidos começaram a cantar
E eu vi nova face surgir
Dos dedos saiam chamas
E os lábios tornaram-se róseos
Como a aurora
Os olhos se abriram e os cabelos esvoaçavam
Os pés tomaram nova forma
E aos poucos batia as asas novas brancas como a neve
E começou a voar lentamente
Lançou-se no espaço eu podia vê-lo sumindo no ar
Por trás da cortina escondi meu rosto
Envergonhada por olhar o peito ferido cicatrizado
Tocando meu próprio peito onde senti nós de costura
Na direção do coração
Senti um arrepio ao olhar em seus olhos e me ver olhando para mim mesma.
Foi assim que me encontrei na manha de um novo dia
Sem saber o que fazer sem aquele amor que partia.