Anjo ferido

Anjo ferido

Na noite fria de junho

Caia devagar,

Vi as asas se juntando

Sem forças de voar

Vi as gotas vermelhas

Do peito a sangrar

Os olhos se fechando

E os cabelos sossegando

Na pedra gelada da rua

Caiu o ser angelical

A boca azulada

Parecia dizer algo

Palavras ininteligíveis

Ate adormecer

De repente revoada de asas a bater

Juntando-se ao anjo ferido

Vendo-o morrer

Mas anjos não morrem

Unidos começaram a cantar

E eu vi nova face surgir

Dos dedos saiam chamas

E os lábios tornaram-se róseos

Como a aurora

Os olhos se abriram e os cabelos esvoaçavam

Os pés tomaram nova forma

E aos poucos batia as asas novas brancas como a neve

E começou a voar lentamente

Lançou-se no espaço eu podia vê-lo sumindo no ar

Por trás da cortina escondi meu rosto

Envergonhada por olhar o peito ferido cicatrizado

Tocando meu próprio peito onde senti nós de costura

Na direção do coração

Senti um arrepio ao olhar em seus olhos e me ver olhando para mim mesma.

Foi assim que me encontrei na manha de um novo dia

Sem saber o que fazer sem aquele amor que partia.

crisviana
Enviado por crisviana em 28/04/2011
Código do texto: T2935786
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