Eu ainda acredito no AMOR
A matança que ocorreu na escola do Realengo, no RJ, abalou o Brasil. Vítimas de um louco, psicopata, sociopata, seja lá qual for a nomenclatura, 12 adolescentes tem suas vidas abreviadas, assim como seus sonhos. Todos os dias a violência se faz presente na mídia. Os mais variados crimes, repetidos por todo o país, já não nos inquietam mais. Parece até que a violência é agregada, e que temos que conviver com ela. Mas o que presenciamos nesta última quinta-feira ultrapassou e muito a nossa resignação e nos deixou em estado de choque.
O ambiente escolar já não é saudável há muito tempo. Em nossas escolas, a agressividade parece ter a sua carteira em cada sala de aula. Sou professor, e vejo a atmosfera de hostilidades que envolvem estudantes e professores. Porém o mais pessimista nunca imaginaria tamanha brutalidade. Ao ver a idade das vítimas e seus nomes, não pude deixar de fazer uma ligação com os meus alunos. Milena, Rafael, Higor, Géssica, Laryssa...todos com idade entre 13 e 14 anos. Leciono para crianças dessa idade e com esses nomes. Pensei: “Meu deus, se fossem um dos meus?”
Fazendo uma reflexão sobre a brevidade da vida, e o quanto é efêmera a nossa segurança, cheguei à conclusão de que estamos fazendo quase tudo errado. Professores e alunos, pais e filhos, todos devem aprofundar as relações. Intensificá-las. Estreitar os laços e aproveitar o máximo a presença um do outro. Pois infelizmente não sabemos quando cada um irá partir. E nesse caminho sem volta, a pior coisa é sentir remorso e lamentar ao som de Epitáfio, música dos Titãs, que diz: “Devia ter amado mais...”
Por isso eu sugiro uma outra canção. Minha sugestão está imortalizada na voz de Renato Russo que clama: “É preciso amar as pessoas como se não houvesse o amanhã”. O que falta em nossa sociedade é mais amor. Uma multidão de pessoas queria linchar o atirador, que naquela altura já havia se suicidado. Pra quê? Por que? Sei que diante de tamanha atrocidade, as reações são as mais distintas, mas se tem algo que eu acredito, e podem me chamar de sonhador, é que ceder a outra face dá resultado. E faço minhas as palavras de São Paulo: “não te deixes vencer pelo mal, mas vence o mal com o bem.” É isso, eu ainda acredito no amor...