Sem Comentários
É, é difícil me compreender. Meus silêncios, meus arroubos de cólera... meus disparates... meus sufocos, angústias e tantas e tantas alegrias e festas interiores... Mas estou aqui... sim, estou aqui... Sempre presente, sempre em movimento, como um vento sul, um minuano incansável que rodopia e faz tremer até os ossos (os meus pelo menos...). Olho meus braços... eles foram feitos para acalentar, para acolher... E minha voz para cantar canções de ninar ao dar água aos passarinhos... Se eles precisassem ainda beber de minhas nascentes... mas não precisam mais. Já encontraram outros mananciais para matar suas sedes. Nem sei se ainda brotam águas de paixão e de sonhos dos interiores de minha alma... Nem sei se o antigo espírito poeta de criar coisas incríveis e inusitadas com as palavras, que se adonou de minha vida e meu coração... ainda me visita... O que sei é que todos os dias ao fazer minha contabilidade... a vida me diz: - Sem comentários para você ! E sigo minha estrada... Embriagada de silêncios...