" O Leme Que Guia "
Haviam apenas duas coisas naquele instante: ele e o mar.
Na imensidão do diamante azul do mar, no céu de horizonte infindo, no vento soprador de sensações, na proa do seu fiel amigo barco...
O casco cortava a água e avançava sem destino, pois nem mesmo um centímetro de terra podia ser visto. Flutuava como a gaivota solitária flutua sobre a água, corria como o peixe corre do predador...
Lançou-se ao mar e não olhou para trás, nem para o passado, nem para as lembranças, nem para o baú de histórias e contos de pescador, muito menos voltou-se para as memórias, antes eternas, agora sequer passageiras...
O leme. O guia.
As mãos.
As noites não passavam e as manhãs pareciam não existir mais. Estrelas há tempos não brilhavam na Láctea. Faróis foram extintos.
Poseidon, Rei dos Mares. Se este Deus realmente existiu...estava ali naquelas águas gélidas, sufocantes e caladas. Águas que "falavam" apenas quando Poseidon se enfurecia e rugia...erguendo-se nas ondas gigantescas.
Pobre pescador que lançou-se ao mar. Pobre e fiel amigo barco, que já não tinha forças para se sustentar e que balançava como o relógio ao pendular.
O mundo fechou-se e o teto escuro desabou com torrentes sobre o pobre homem.
O pescador era frágil, como uma rede de pesca velha e desgastada. E o mar era poderoso como a âncora, que tudo pode com seu peso.
O fim era mesmo o único destino encontrado por ele. Não viu terras, não viu sóis.
Findando o seu tempo e desfazendo seu tesouro: a vida. O pescador puxou o ar com toda a força que lhe restava nos pulmões e gritou aos céus: DEUSSSSSSSSSSSS!
...
O céu se abriu e a luz desceu quase cortando-lhe a visão. A lâmina brilhante do sol resplandeceu no olhar do pobre pescador e lhe apresentou a esperança.
O mar acalmou-se.
O barco planou.
Terra à vista!
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" Segue o teu caminho, Meu Filho Pescador...
leva junto de ti o teu barco, fiel companheiro.
Navegue pelos oceanos em busca da terra que lhe abrigará.
E ainda que demores para encontrá-la, não desvie da rota.
EU SOU SEU LEME! "