Favelas e Cortiços Interiores
Já assinei meu testamento. Pouco se me restou para delegar herança. Um par de sandálias que usei duas vezes e descartei. Meus pés não souberam se deixar amordaçar. E, uma chave que abre duas portas ao mesmo tempo, a do jardim e a da casa vazia, essa... que nunca usei. O jardim não tem dado flores, está coberto de pó e a casa de um cômodo, tem tintas modernas e mobília de última geração. De nada disso eu quero. Que fazer se me afeiçoo em trapos? Só soube viver em favelas e cortiços, subindo e descendo morros dentro de mim. Quanto à chave... deixo-a ao vento... ele assovia lugar para assentar de suas andanças.