Solidão de Penas

" Há sempre uma realidade escondida atrás de cada porta " Maria.

É. E pergunto-me sobre a minha realidade... Devo abrir mais uma porta? Fechar alguma aberta? E sim, o coração responde: - Abra outras portas Maria! São tantas e tantas! Abra! Vais encontrar uma realidade mais verdadeira, mais real... E quando a resposta assusta, o mesmo coração diz: - Não feche nenhuma porta Maria! Não, não, não feche! Vais te arrepender! Não existe uma realidade mais verdadeira do que esta que vives. É ilusão pensar que vais encontrar algo mais real. Só que a razão diz que não há justiça em algumas portas mantidas abertas. Não há justiça para comigo. Existem caminhos com duas vias. Embora em minha vida... eles só vão... não vêm mais. Não entendo porque. Não, não entendo... São portas de caminhos que devo fechar. Prá sempre, prá nunca mais abrir. Nem para espiar o passado... Mas... isso significaria também, não eternizar mais nenhum sentimento... não eternizar mais nenhum pensar... não registrar mais as lutas, o oco do oco do interior, o caos que sempre faço crescer dentro de mim, a beleza que minha alma vê ao redor, na natureza, nas pessoas, a tristeza que acabrunha o espírito, o amor que ronda meu mundo... Não! Não! Teimo em não fechar a porta! Prá não ser igual! Porque não sou mais igual! Minhas penas estão mudando. Estou perdendo as penas antigas e obrigando a nascer novas... Olho ao redor.. Nada vejo. O que procuro? Um pássaro? Penas iguais? Mas... já encontrei... Sim, sim, encontrei a solidão de duas penas... Então o que procuro? Meu Deus, o que minha alma ainda procura???? As penas que se esconderam no caminho? As penas que silenciaram seu glorioso rufar? Não sei, não sei. Só sei que não quero mais voar sozinha o horizonte dos eternos...

Maria
Enviado por Maria em 21/03/2011
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