Dia Nacional da Poesia

Nesta segunda feira, 14 de março, comemora-se no Brasil o Dia Nacional da Poesia*. Parabéns a todos os poetas e poetisas, não importa se profissionais ou amadores, pois o relevante é a alma poética que anima cada um deles.

Falar da poesia e de poetas é correr o risco de cair nas armadilhas dos lugares comuns, por isso não vou me alongar em comentários sobre estilos, tipos, períodos ou terminologias, como também não vou citar poetas e mais poetas s suas obras. Diante disso, optei por apresentar uma curiosidade, da qual sou partícipe, e que tem importância direta na minha formação como ser humano.

Na cidade do Rio de Janeiro existe uma pequena vila de apenas cinco ruas e uma praça. Essa Vila Ieda, que fica no bairro de Campo Grande, seria somente mais uma minúsculo e pobre loteamento da antiga Zona Rural carioca, não fosse os homens que emprestavam seus nomes às humildes e encantadas ruas de saibro batido e praça dessa vila. Seis diferentes poetas, nascidos em locais diferentes, em épocas diferentes, com estilos diferentes, porém unidos para sempre naquelas ruas e praça da atual Zona Oeste da cidade.

Pois foi nessa Vila Ieda que vivi por vinte anos (1952/1971). Basta fazer um pequeno inventário do que aconteceu no Brasil e no mundo neste período, para entender porque este período é chamado de “anos de ouro”. Toda riqueza histórica desse período influenciou de alguma forma minha vida, mas não tanto quanto os nomes da praça e das ruas do bairro.

Obrigado a Batista Cepelos, Bernardino Lopes, José Albano, Júlio Diniz, Raul de Leone e Rodolfo Teófilo, que me permitiram viver entre eles durante tanto tempo, sentindo toda sensibilidade emanante de suas obras. Porém essa gratidão seria incompleta se não fosse expressa em forma de poesia (no caso uma prosa poética).

POETAS

Eu já li, timidamente, alguns poetas.

Reconheço que poucos, mas li.

Uns, abandonei logo, entediado,

Ainda na primeira estrofe.

Outros, muito me agradaram,

Estimulavam-me a leitura.

Li um pouco de Fernando Pessoa,

Amei Álvaro de Campos com Tabacaria:

"Quando quis tirar a máscara,

Estava pegada à cara.

Quando a tirei e me vi ao espelho,

Já tinha envelhecido."

Fascinaram-me, aqueles versos.

Li dois ou três de Florbela Espanca;

Não gostei da moça de Vila Viçosa.

Gonçalves Dias só me enfadou,

Detestei Tomaz Antônio Gonzaga e

Ler Camões, ainda não ousei.

Mas eu vivia sempre encantado,

Pois vivia entre muitos poetas:

Seis ao todo, para o meu fascínio,

Que emprestavam seus nomes

Às humildes ruas do meu bairro.

Ruas encantadas, de saibro batido.

Raul de Leone com Sei de Tudo,

Júlio Dinis com Similia Similibus,

Rodolfo Teófilo com História de um Átomo,

Bernardino Lopes com Berço,

José Albano com Esparsa e

Btista Cepelos com Ecce Homo.

Esses, para mim, queridos poetas,

(Os que gostei e também os outros),

Permitiram-me ter um diferente olhar

Sobre as incertezas da vida futura.

Deram-me sensibilidade e sutileza;

Enfim, mostraram-me a poesia.

Notas(*)

1- O Dia Nacional da Poesia é comemorado, no Brasil, em 14 de março, numa homenagem ao baiano Antonio Frederico de Castro Alves (o cantor dos escravos), que nasceu nesse dia, no ano de 1847, na Fazenda Cabaceiras – Curralinho, hoje Castro Alves – BA.

2- O Dia mundial da Poesia é comemorado no dia 21 de março.

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Luiz Vila Flor
Enviado por Luiz Vila Flor em 14/03/2011
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