"SÓ ME TRATO SE FOR COM O MEDICAMENTO X !"

A mãe adentra o consultório com o rebento de 21 anos. Ele se nega a cumprimentar-me e ela com os olhos vermelhos, apela por um milagre: "Doutor, já não sei mais o que fazer; este moço me mata desde que nasceu!"

Acalmei-a e descobri que ele tivera um parto demorado, pela falta de dilatação uterina e da bacia pélvica. A mãe ficou em trabalho de parto por 15 horas, gemendo de dores e acabou sendo levada a uma cirurgia, para dar à luz por cesareana. O filho tinha duas circulares de cordão umbelical e nasceu roxo, levando quase duas horas na respiração com aparelho, para voltar ao normal.

A parteira descreveu tudo à mãe, dizendo que iriam ficar com ele no berçário por quatro dias, pois ele apresentara crises de ausência de trinta segundos a dois minutos de duração.

Ao ter alta já recebeu a prescrição de uma medicação para a Disritmia com crises de ausência, receitada pelo obstetra.

Ao vir para casa não dormia regularmente e sim em curtos intervalos e ao amamentar várias vezes engasgava, parecendo que tivera uma ausência e ao voltar sofria com o leite na garganta, por vezes vomitando.

Os pais procuraram um neurologista que fez um EEG, que nada demonstrou de grave, onde pretendeu trocar de medicação, para uma mais específica para as crises de ausência.

Continuou dando trabalho, com crises de hiperatividade, multi-ideação nunca posta em prática, desobediente e querelante por somenos. As crises de ausência já não davam mostras, mas ao tentarem retirar a medicação ele se mostrava muito parado, com péssimo contato, mostrando um eletroencefalograma normal.

Indo a um psiquiatra este disse ser o jóvem portador de Hiperatividade, consequente ao parto e sua inquietação era mais provável ser por causa da medicação para as ausências, que o deixava inquieto. Recomendou, portanto uma prescrição antidepressiva, com bons resultados nestes casos de hiperatividade, que agia tranquilizando o cliente.

Ele não gostou, foi por conta em uma 'pharmácia' que 'phornecia' medicamentos sem receita, voltou ao antigo medicamento e fingia para os pais, estar tomando o receitado do psiquiatra.

Eles descobriram a trama e muitos médicos foram vistos, não conseguindo melhora alguma, voltando o rapaz a usar o medicamento antigo.

Certa vez o pai intentou fazer uma dosagem da medicação errada, e não conseguiu.

Viviam em total desespero.

Pedi à mãe que nos deixasse a sós e consegui obter a amizade dele e lhe prometi que nada do que me contasse eu o trairia.

Examinei-o e quando lhe expliquei o porque deveria usar o antidepressivo, me segredou, pedindo o meu sigilo: "O antidepressivo me deixa tolo, largadão e nem posso tomar minha cervejinha, pois quase morri certa vez!". Mostrei a ele que estava correndo um sério risco, mostrando-lhe literatura onde descrevia os riscos sérios da interação da medicação que usava com o álcool, mesmo que ainda não passasse muito mal.

Ele viu que eu não mentia, mas terminou confessando que poderia até morrer, mas não tomaria antidepressivo algum, pois não queria ser calmo e sim interessante, despertador da atenção das 'minas' e lider dos colegas de 'atividades', que veio a revelar-me serem bem questionáveis.

Usei todos os argumentos que conhecia, citei artigos de revistas que falavam sobre o assunto, mas a irredutibilidade persistiu. Disse a ele que me desse uma garantia de que fora prevenido, por escrito, já que me negava a descrição do problema para os pais. O fez de boa vontade, abraçou-me e saiu, dizendo para a mãe que estava tudo certo e impediu que ela falasse comigo, sendo que no contato com a secretária ele impediu à mãe de deixar o telefone deles.

Não pude deixar de escrever uma carta expressa para a mãe, pedindo que se comunicasse comigo, pois eu temia um péssimo acontecimento futuro.

Tres dias depois ela me telefonou, assim que recebera a carta. Ele havia falecido naquela noite, vítima de um Enfarte de Bulbo Cervical, sendo que os amigos disseram que ele tomou apenas 'meia latinha de cerveja'.

A mãe desolada relatou-me ter certeza de que ele nem comprara a possível medicação que eu pudesse ter-lhe receitado, pois já fizera isto antes e me contou que sabia do uso de alcoólicos.

Chorei com ela ao telefone e me convenci que por mais que estude e me informe, não conseguirei fazer com que os homens se convençam de ter que provar sua determinação, mesmo que errada, machista.

Escrevo este artigo, não para exibir-me ou desabafar-me.

Tento, isto sim, mostrar que a criação dos homens é mais valorizada que a das mulheres, fazendo-os crerem que são 'machos', pouco susceptiveis às 'fraquezas' de um tratamento psiquiátrico ou outras práticas de 'pessoas frágeis'.

As estatísticas mostram que as mulheres aprenderam a se cuidar, a avaliar quando precisam de ajuda. Elas sabem amar com mais profundidade e muitas delas precisam de ajuda, pois não tem a ajuda, a companhia do esposo que esperavam.

Os homens preferem exibir-se, passar horas em reuniões com os amigos usando suas 'bebidinhas inocentes', contar suas grandezas, dar aos familiares uma certeza de serem 'homens', muitas vezes incapazes de amar, com medo do homosexualismo, da impotência e da ejaculação precoce, sendo que todo homem já teve seu momento de indecisão na hora da atividade sexual, que eles pontuam como sendo a mais importante no casamento, infelizmente.

Não peço que se entristeçam, os que lerem esta mensagem, mas aprendam a olhar para dentro de si, que se perguntem o que podem fazer para tornar o casamento mais feliz, a vida alegre, sem culparem a parceira. Sem precisarem de reforços azuis ou 'bebidinhas inocentes'.

Não sou um feminista, mas as julgo mais inteligentes, exceto em um ponto: "todos os filhos precisam de um amor igual, sem machismo, sem criação das filhas de forma a se tornarem domadas, ou domadoras".

A quantidade de casamentos felizes está decrescendo, ao mesmo tempo que o biotipo de 'gordos' aumenta assustadoramente. E tudo isto porque desaparecendo os momentos de prazer da vida (não me refiro só ao sexo), a alimentação passa a ser a única forma de prazer, mesmo causando uma desfiguração detestável, que muitas vezes tem um outro sentido: fazer com que ela não seja bela, para quem não sabe amá-la.

Olhar para dentro de si: a melhor solução para um encontro mais satisfatório com a vida.

Não quero ser determinista, mas a vida me ensinou ser este o único caminho válido.

Se temos a vida como algo que nos foi doado, por que destruí-la?

PENSE NISTO!

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