Mar da Vida
Ao nascer, cada um de nós recebe de Deus, uma embarcação para poder navegar no imenso mar da vida. Há grande diversidade nos tipos e condições das naus, tudo de acordo com as necessidades e a carta de navegação do tripulante.
Em geral, iniciamos na baía tranqüila do lar, protegidos pela esquadra familiar. Alguns porém, são logo arrastados por correntezas e lançados em alto mar, tendo que muito cedo vencer tormentas inclementes para seguir em frente.
Algumas embarcações navegarão conosco parte do caminho, mas um dia tomarão outro caminho ou atracarão em algum porto que ainda não é o nosso.
Encontraremos embarcações em rota de colisão, teremos que tomar cuidado com os bancos de areia, arrecifes e pedras. E com muito, mas muito zelo cuidar do nosso “barquinho”, para chegarmos inteiros e bem, ao nosso destino.
Não podemos descuidar da manutenção, nem de aperfeiçoar e equipar nosso barco, para vencer calmarias e tempestades, usufruir da placidez dos momentos de bonança e suplantar a violência dos instantes adversos.
Com a bússola da consciência e o mapa do livre arbítrio, navegamos; sob as noites das dificuldades e os dias de alegria, quando nossas lágrimas são calmamente recolhidas para o esquecer da imensidão, e os nossos sorrisos, sublimam-se em estrelas, que nos guiam para além da solidão.
Navegamos verões e primaveras, outonos e invernos, encontros e desencontros, venturas e desventuras...
Afinal chegamos ao fim dessa viagem, temos que desembarcar, deixando para trás, tudo o que “tivemos” e recolher aquilo o que fizemos, pois só ao término da jornada, percebemos, que o ter é efêmero e o ser, é que verdadeiramente vale para a “contabilidade” do infinito: nossas lembranças, sentimentos, pensamentos, o bem feito, as alegrias semeadas, as dores aliviadas, as amizades construídas, as contendas dirimidas, os desvios corrigidos, ter vivido e bem navegado a vida, ter aprendido e ensinado, ter amado e sido amado, ter sonhado, acreditado, lutado, feito...
Antonio Pereira (APON)
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