Medos
Às vezes tenho medo... do passado, do futuro, do que sei de mim, de minha alma, meu corpo, meu espírito, de meus próprios mistérios. Medo de sempre experimentar a solidão de meu corpo e ver crescer o oco da alma. Medo de sempre ter de laçar os desejos, amarrá-los e os prender dentro do peito vazio de sonhos realizados. De só viver como uma ostra, incrustada na concha segura... De não ter mais uma alma e não conseguir encontrar mais o meu próprio caminho... Medo da espera, do silêncio, da impossibilidade... De perder o interesse profundo pelas pessoas, o desejo de conhecê-las em seu íntimo... De não mais despertar a impressão calorosa de vida... Medo de só me encontrar em meio ao meu pensamento errante ou dentro de meu espírito em desordem... Às vezes tenho medo...