Solitário Som

Deitada na relva macia, olho o céu através das folhas amarelas dos plátanos. Sinto-me confusa em estar assim, solta no mundo, não fazendo absolutamente nada. Na verdade, não sei o que estou sentindo. No fundo, sempre aquele sentimento de culpa por deixar tudo assim... Parado. Sentimentos conturbam a face. A noite chega. Junto os ossos e vou para qualquer lugar que pode ser até um lugar nenhum. Olho a solidão e a quietude ao redor pela janela aberta. Fecho tudo. A escuridão é um ninho frio, mas acolhedor. Acendo a luz mesmo não querendo. Ligo o chuveiro. A água quente traz um torpor também para o corpo. A alma já está entorpecida pela dor e saudade. Exausta de tantas perguntas sem respostas, atiro a toalha num canto, apago a luz e enfio-me sob os lençóis. Ouço os sons lá de fora. A música na noite é triste. Parece o som mais solitário do mundo. Fecho os olhos. O sono não vem. No fundo da escuridão ouço um soluço... Sinto o calor ardente da lágrima secando a face...

Maria
Enviado por Maria em 24/01/2011
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