REINOS E DOMÍNIOS

Quase todos sabem que não há necessidade de "versejar com normas" para se chegar ao poema da contemporaneidade e seus versos livres. Porém é absolutamente necessário conhecer um mínimo do ofício para vir a fazer poemas com POESIA... Ou, ao menos, ler, ler e mais ler sobre os seus reinos e domínios... Do nada nasce o nada... Todo aquele que se satisfaz com o que o anjo da inspiração nos traz de não-sei-onde, nunca vai, em verdade, produzir poemas com Poesia. Principalmente no lírico-amoroso, que, em regra é a abordagem predominante na chamada Poesia Feminina. O que sairá desse ardente e desejoso cadinho – no primeiro momento de criação – é somente o embrião do poema, a que chamo RECADO DE AMOR. É este espécime que se vê a todo o instante, nos redutos internéticos. E essa peça não se confunde com a eterna Poesia como exemplar de arte estética. Também não é menos verdade que para chegar à iluminura é premente passar pelo turvo... Não prestigiar os que desejam chegar à voz solidária do verso é pretender que a vida seja redigida pelo salitre purgado na “coluna policial” de qualquer jornal, na qual a morte e a falcatrua deleitam milhões de leitores... Ao menos – nesses redutos do sonho e da fantasia – esparge-se inocente ou provocante, o mel dos dias...

– Do livro O NOVELO DOS DIAS, 2010.

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