A MULHER INVISÍVEL

É só assim que me queres: invisível e em perpétuo silêncio. É assim que me queres, para que me possas redescobrir, redescobrir o Sol e a Lua e as estrelas do nosso céu pretérito. É assim, só assim que efetivamente me queres.

Se é assim, assim me terás: menos que ser virtual, há anos-luz de qualquer ser real, eu me guardarei no silêncio e na ausência de mim mesma e de ti.

Enquanto isso, cá embaixo, no rol dos dias, no vão dos dias, no "inutensílio" dos dias, cabem à perfeição os versos finais de famoso poema do Fernando Pessoa em MENSAGEM:

" Em baixo, a vida, metade

De nada, morre."

Zuleika dos Reis, no início da madrugada de 16 de dezembro de 2010, na capital de São Paulo, Brasil.