O que vemos em nós mesmos

Engraçado como depois que atingimos a maturidade do nosso ser interior, diferente do nosso ser exterior, não envelhecemos, mantemos em nossas mentes uma idéia de nós mesmos que não é a imagem que vai se refletindo no espelho com o passar dos anos. Me sinto com meus vinte e cinco anos, minha percepção de mim mesma parou lá, está registrada,

mas o que vejo é uma mulher de quarenta anos, com a pele bem diferente da que tinha, com os cabelos grisalhos, e se em minha memória não houvesse registro de todos os anos vividos até chegar aqui não acreditaria na imagem refletida. Fico imaginando como deve ser difícil não conseguir aceitar o envelhecimento, ou não se lembrar da trajetória. Minha avó estava com Alzheimer no final de seus dias com mais de noventa anos, e foi muito triste pra mim ver que ela não se lembrava de mim, confundia todos os personagens de sua vida, e não se reconhecia ao se olhar, reclamou olhando dentro dos meus olhos, pegou minha mão e tocou minha pele viçosa e sem manchas e comparou com a dela e me perguntou num tom triste: como foi que fiquei assim?

Bom não quero esquecer um só dia vivido, mesmo me sentindo ainda jovem por dentro tenho orgulho das marcas do tempo que me mostram que estou viva, pois quem não quer envelhecer corre o risco de não perceber a beleza da vida, não dando valor ao que verdadeiramente importa: as pessoas que nos rodeiam e que junto conosco construíram uma história de amizade e amor, ou seja nossa história.

Bê Duarte
Enviado por Bê Duarte em 26/11/2010
Reeditado em 30/11/2010
Código do texto: T2638352
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