2011

Ganhei um calendário novo de 2011. Eu o deixei em cima da mesa do escritório, com aquele 2011 enorme, na capa dura da frente, com o janeiro escondido logo abaixo dela, misterioso como nunca. Fui até a cozinha e fiz um café. Voltei ao escritório e sua mesa, com o café na mão. Sentei meu entediado traseiro na minha cadeira predileta, azul, com rodas e milhões de regulagens no assento, encosto, altura, declínio e etc...e pus minhas entediadas pernas esticadas em cima da mesa, como se fosse uma grávida, melhorando sua circulação de retorno. Fiquei olhando aquele 2011 escancarado do calendário. No ato, imaginei, será que ele me permitirá vários ajustes, como o da minha cadeira? Ou um bom retorno, como o das grávidas que elevam suas pernas? Fiquei com medo, quando vi nos dois números 1 unidos, lado a lado, duas miniaturas das torres gêmeas. Seria o prenúncio de novos ataques? Fiquei ainda mais nervoso, de novo naquele 11, sugerindo duas pessoas, tentando se dar as mãos e não conseguindo, pois só tinham o braço direito as pobres coitadas. Logo acima do 2011 do calendário esta escrito "Bem-vindo a". Será? Vai saber, de repente é uma armadilha. Resolvi pensar em coisas que me acalmassem. Aquele 11 poderia ser o PIB* do Brasil no ano que vem. O 20 me lembrou uma série antiga da televisão, "Casal 20", na qual um homem e uma mulher se davam tão bem, mas tão bem, que....será? Somei os números do 2011 e deu quatro. Quatro é um número forte, estável, melhor que três, aliás. Imagine uma mesa com só três pés, um carro com só três rodas. Nem pensar, ninguém poria nada precioso numa mesa dessas e nem se atreveria a se deslocar num carro assim. Estão vendo? Muitas coisas melhoram e eu estou mais calmo, quando imagino uma mesa assim, mais segura, seja metaforicamente ou não. Do mesmo modo que deslocamentos mais seguros, por um país igualmente mais seguro, garantem viagens e mais conhecimento. Já imaginaram nós, aqui do recanto, contando uns aos outros, através da poesia ou da prosa, as nossas inúmeras novas peripécias por esse mundão chamado Brasil que, de repente, no campo político e social, passe a aceitar melhor nossas reinvidicações, postas com convicção em mesas estáveis, com quatro pernas? Pois bem, cheguei onde eu queria, um país que lembre uma mesa de quatro pernas, estável, e um povo que se desloque nele com segurança, assimilando ainda mais cultura e, principalmente, tendo orgulho dela. Um bom ano a todos vocês de qualquer canto, inclusive aqui, do recanto.

PIB = Produto Interno Bruto.

Dassault Breguet
Enviado por Dassault Breguet em 25/11/2010
Reeditado em 26/11/2010
Código do texto: T2636654