A INSTIGAÇÃO AO PENSAR

Publica-se o poema. Um barco ágil cruzando águas mornas e plácidas. Parece que vai ao encontro do receptor:

“PRECÁRIOS II

Joaquim Moncks

No amor,

o fascínio

é o cadafalso

do mistério;

o ato,

a chave

do mistério;

o fato do amar,

o sótão

do mistério.

Por isso a felicidade

é tão bonita

e a fidelidade

tão precária.

– Do livro O SÓTÃO DO MISTÉRIO. Porto Alegre: Sul-Americana, 1992, p. 37. Texto reformulado.

http://www.recantodasletras.com.br/poesias/2630354.”

Amigo! Perdoa, mas desta vez ouso discordar de ti. Acho que o fascínio é a chave do mistério e o ato é o cadafalso, pois depois do ato o mistério é desvendado e lá se vai o fascínio. O mistério é o responsável pelo fascínio. Quanto ao resto, perfeito. O fato do amar guarda o mistério no sótão, ele está desvendado, mas permanece (ou não). Já a fidelidade depende exatamente dessa permanência. Existe enquanto houver pelo menos um mínimo de mistério... Ligia Lacerda.

– p/ Orkut, em 23/11/2010, 09h30min.

Querida amiga! Bom que discordas do conteúdo, do fundo que os versos, inusitadamente, aprisionam e libertam, que é a sua proposta de estranhamentos...

Assim o poema cumpre a sua função objetiva, acaso ele a contenha e/ou a desperte no receptor: instalar perplexidades, questionamentos, nunca somente eventuais e momentâneas semelhanças, ao se o transpor para o universo fático da realidade...

Grato por leres e comentares. Coloca a tua apreciação lá na página do Recanto das Letras, peço. Assim não se perde o que a peça poética produziu na cabeça de leitor e autor; aproveita-se o êxito...

O papel do Homem no mundo é OBSERVAR, PENSAR e DIZER...

Por isso entendo que a Poesia necessitaria ser utilizada na escola fundamental como peça de descoberta e de montagem do pensar, não só para usufruir conhecimento meramente literário ou produzir a sensação prazerosa do lúdico...

Cada qual vê o mundo segundo o concebe, com seus fantasmas e espantos...

Post scriptum: a apreciação segue sem intenção de ser corolário, porém como nova instigação.

E assim se perfaz a incansável dialética...

– Do livro O NOVELO DOS DIAS, 2010.