Flor Poeta

O dia amanheceu cinzento e frio como quase todos os dias nos últimos meses. Uma chuva fria começou a cair. Com ela as plantas ficavam reluzentes e a terra exalava um cheiro agradável. E assim como veio, a chuva cessou. Um sol tímido começava a brilhar lá fora, forçando caminho entre as nuvens. Em alguns pontos, manchas azuis estampavam-se no infinito ainda cinzento. Presa aos limites do próprio corpo só resta pensar e pensar... E viajo em meu interior, em meus pensamentos. Sem palavras, toquei as pétalas de uma pequena rosa de amor que mora em meu coração há milênios. Com os olhos da alma aspirei-lhe o perfume. A cor das pétalas se parece comigo: delicada e meiga em sua textura, mas de um caráter difícil, personalidade forte. Como domar esse espírito rebelde e controvertido? E eu sei lá? E nem sei se importa! O que importa mais é o que está acontecendo agora... Ele, meu interior, está se calando... Aos poucos não sabe mais o que dizer. Divaga, divaga e se cala... cada dia mais... se fecha... A borboleta virou lagarta outra vez. A pérola voltou à concha em forma de um pequenino grão de areia... Decerto, como a rosa, que se abre prá vida durante um tempo e depois, murcha e morre, o destino da poetisa seja esse... Como reter esse vultuoso escorregamento prá dentro da concha??? Talvez não há mais resposta para algumas perguntas... Como escreveu alguém... "Não peça explicações sobre o início e o fim das coisas"... Talvez porque não tenha explicação nenhuma. Talvez sejam decisões... Mas, decisões a gente muda... Ou não???

Maria
Enviado por Maria em 18/11/2010
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