A verdadeira democracia
Só imaginem: Estão em uma festa, com muitos amigos, e decidem pedir pizza. Agora, alguns querem pedir da A Pizza, outros da B Pizza e outros ainda acham que nem A Pizza, nem B Pizza são boas. Abrem-se votações para decidir a pizzaria e vocês não votam nem na A nem na B, pois nenhuma das duas é boa para vocês.
Mas os seus amigos decidem que os seus votos não valem, que sua opinião é desnecessária e que o fato de não gostar nem da A Pizza, nem da B Pizza, quer dizer que você não liga para a reunião. Eles se emburram com você e dizem que você quer estragar a diversão.
Que injusto, não é? Afinal, vocês só não gostavam das pizzas desses lugares. Porque seriam obrigados a votar a favor de alguma dessas pizzarias, ou escolher a pizzaria que vocês achassem MENOS RUIM, ao invés de expressar a sua opinião de que não, nenhuma das duas presta pra vocês?
É o que acontece em época de eleições, com muita gente.
No primeiro turno eu escolhi um candidato. Eu pesquisei e fui atrás de informações deste candidato e achei que minha escolha havia sido a mais acertada, para os meus padrões como cidadão. Infelizmente, esse candidato não foi para o segundo turno (e teve gente que disse que votar nesse candidato era jogar o voto fora, pois ele não iria ganhar. Isso, também, é totalmente anti-democrático).
Temos, então, esse segundo turno. São dois candidatos, somente. Duas opções para toda uma população. Vemos as pessoas pegando em bandeiras e ideais, vemos elas xingando o candidato concorrente. Vemos a nação dividida em duas metades, certo?
Errado.
Existe uma porcentagem da população que NUNCA considerou escolher um desses dois candidatos. Que não acredita que nenhum dos dois, nem as atitudes infantis e competitivas desses candidatos, possam guiar corretamente nosso país, ao menos do jeito que gostaríamos que fosse guiado. Eu faço parte dessa porcentagem.
E o que resta a essas pessoas? Resta não escolher nem A Pizza, nem B Pizza. Resta dizer: “não, nenhum desses dois candidatos é o ideal para mim”. Só que não temos esse direito. Quando dizemos “não”, eles escutam “não nos importamos com a democracia”. Mas, na verdadeira democracia, temos que ter o direito de escolher o que queremos e, principalmente, o que NÃO queremos. ISSO é democracia.
Votarei nulo hoje, mesmo sabendo que meu voto será desconsiderado por um sistema que se auto intitula democrático, mas não passa de um sistema de voto infantil de primeira série. Votarei nulo pois não gostaria de nenhum dos dois candidatos disponíveis no lugar de presidente do meu país, e eu tenho o direito de expressar isso e de votar isso.
Mesmo que não seja considerado.
Vocês nunca vão me ver olhando os candidatos e escolhendo o “menos pior”, ou escolhendo um candidato só para não colocar outro candidato no poder. Pra mim, isso não é democracia.
E eu preferia que meus amigos, meus familiares e meus entes queridos não vissem isso como uma “afronta” à democracia. Não vissem isso como uma falta de responsabilidade. Eu insisto, eu pensei muito para tomar essa decisão e, na minha opinião, eu estou fazendo o melhor que posso pelo meu país.
Eu respeito a decisão de vocês de votar no candidato A ou no candidato B, mesmo não concordando com vocês. Peço, sinceramente, que respeitem minha opinião de que nem A, nem B, são os certos para mim. Somente quando nossas eleições ouvirem e considerarem a multidão que grita “NÃO! NÃO É ISSO O QUE EU QUERO!” através da urna, talvez, algum dia, possamos chama-las de eleições democráticas.