NATAL - HUMANIDADE!!!



NATAL - HUMANIDADE!!!
 
O natal, em nosso país, ainda é uma data marcante, independente de crença ou filosofia de vida. Poderíamos tentar aproveitar, já que para a maioria de nossa população esta é uma data especial e sagrada, para buscar algum nível de comunhão HUMANA e introspecção Humanística.
 
Em nosso país em especial, praticamente todos nós fomos criados segundo algum nível de respeito às tradições e a cultura judaico/cristãs. Povos de outras nações também tem as suas tradições, característica esta verdadeira também, no tocante a sua religião local (o povo do Irã em relação ao Islamismo, o Russo em relação à ortodoxia cristã, o judeu em relação ao Judaísmo, o Indiano em relação ao hinduísmo (o budismo não é uma religião monoteísta, ele é muito mais um sistema ético e filosófico. Não estou defendendo o budismo não, eu como ateu e humanista cético, não posso aceitar a existência das castas, para mim é indigno, assim tenho pelo budismo, no geral, o mesmo exato respeito que dedico unicamente aos seres humanos que a escolheram e praticamente só).

Desta forma somos, inclusive eu, “fenotipicamente” ajustados pela criação, pelo desenvolvimento e pela educação, para termos nosso subconsciente ideologicamente ajustado para a religião padrão “oficial” do país em que nascemos e somos criados. 
 
O que me espanta é a nossa capacidade de acreditar que a nossa religião é a dona da verdade, verdade esta que não pode existir entre visões antagônicas do mundo, que cada religião se nos apresenta.
"É claro que a nossa religião, afinal somos mais inteligentes, dignos e éticos que os islâmicos, do que os hinduístas, do que os seguidores do judaísmo, é a melhor de todas as religiões, e a única com dignidade suficiente para que os outros se convertam a nossa.". É brincadeira ter que acreditar nesta sentença.

Fui criado e educado na moral cristã e muito da minha visão de ética e bondade derivam de uma visão cristã. Sendo assim, nossa população, neste “sagrado” dia, deveria aproveitar para refletir sobre este amor focado na humanidade, buscando repensar nossas vidas, nossas jornadas e nossas posições. 

Será que temos agido como seres humanos? Será que merecemos fazer parte do grupo que tenta se chamar de possuidor de alguma humanidade, ou temos vivido “animalescamente”, sem ética humanística, de forma “niilistica”? Será que podemos acreditar que estamos caminhando nos valores e verdades humanistas e éticos?

Desde já, apesar de saber que todos os dias são ótimos momentos para revermos nossa existência, sendo também ótimos instantes para revermos o quanto temos ajudado a construir uma vida digna para nossos irmãos em espécie e irmãos em genética, foco minha torcida em que cada um de nós, de todos nós, possamos ter alguma paz para encontrarmos a tranquilidade certa para nos analisar quanto ao nosso comportamento social e nossas formas de viver.

Assim, aproveito este momento para discorrer um pouco sobre a felicidade humana. Não falo da felicidade individual apenas, tento falar ao contrário, da busca da felicidade máxima sim. Falo da busca do prazer sim, mas daquele prazer construído em comunhão de interesses puramente humanos, e envoltos de uma aura de valores verdadeiramente humanos. 

A democratização real da vida, a democracia de permitir a todos, aquilo que desejamos, ajudando a cada um a encontrar a sua própria felicidade, sem ferir a dignidade humana de ninguém. 

Tento falar da FELICIDADE COLETIVA, tento mostrar que a felicidade só passa a ser digna, quando envolver pessoas, e ela será tão mais digna quanto mais pessoas ela envolver. É uma frase que repito muito, mas eu mesmo tento me impregnar completamente dela, e eu sei o como é difícil, mas a busca tem que ser individual. “A ética é a capacidade de frear nossos instintos genéticos, naturais e animais, na busca de uma convivência social digna, onde cada ser humano seja possuidor de seu quinhão de felicidade, e que cada um tenha o direito de buscar sua felicidade na dignificação de nossos semelhantes”. 

Devo parecer repetitivo, mas como dizia Einstein “Enquanto houver uma criança envolta em miséria, pobreza, fome ou sofrimento, a felicidade é uma utopia que deveria nos ofender”. Acrescento eu que, dar mais valor ao transcendente, abrindo mão do “imanentemente” humano, permitindo que a vida seja um bolsão de sofrimento e miséria, um colchão de dor e de fome, um colete de ingratidão, um lar que “indignifica” a realidade de irmãos em raça, de irmãos em genética e de primos em biologia. 

Nosso planeta é o planeta de todos nós humanos, e não só dos humanos, é também de todos os representantes dos cinco grandes reinos biológicos, animal, vegetal, fungos, protistas e moneras. Assim se hoje somos humanos, a vida já foi um dia somente bactérias, e necessitamos hoje para viver desde a simples bactéria, passando também pelos incompletos vírus. Se nunca fomos vegetais, visto que a separação na cadeia da vida ocorreu muito cedo, nos primeiros milhões de anos da evolução, onde as cianobactérias seguiram seu caminho, é somente graças a ela que aqui estamos, seja pela produção de nosso oxigênio, seja por serem um nível elementar em nossa cadeia alimentar.

Assim amigos respeitar a vida é respeitar nosso planeta e todas as espécies vivas, da qual somos um exemplar raro, nada especial como alguns com certo ar pedante e vaidade gostariam que fosse verdade. Sim somos especial unicamente por pertencermos a ele, e podermos estar aqui vivos. 

Amigos buscar a felicidade individual, e acreditar que somos felizes, enquanto a maioria absoluta da população mundial passa sérias restrições alimentares, restrições a saúde, a EDUCAÇÃO e ao lazer, restrições à liberdade e restrições a dignidade humana, me dá um arrepio aterrorizante.

Por isso se eu tivesse algum pedido a fazer, seria que todos nós, HUMANOS por nascimento, cristãos, muçulmanos, hindus, judaístas ou até mesmo budistas, confucionistas, taoistas, Zoroastristas, Fé Bahá'í; sejamos deístas, teístas, panteístas, politeístas ou ateístas, a maioria destes seguidores de livros sagrados como a bíblia, alcorão, vedas, torá, mahabharata, guru granth sahib, zend avesta, kitáb-i-Aqdas entre vários outros, pudéssemos dar início a um verdadeiro movimento de entrelaçamento humano, onde o desespero de uns seja o desespero de todos, onde a alegria de outros sejam nossas também alegrias, onde a saciedade que temos possa ser também a saciedade de todos, onde a dignidade humana de poucos possa vir a ser a dignidade humana de toda humanidade.
 
Me despeço desejando que nos momentos em que, cada um ao seu estilo, e do seu modo, seja na mesa em casa, num templo religioso, num bar de rua, seja trabalhando, seja num leito de dor, ou numa penitenciária, que no momento em que felicitarmos o natal, felicitemos primeiro a nossa verdadeira busca da dignidade humana, felicitemos nossa primeira razão de viver, que é vive-la com dignidade animal, social e humanista.

Arlindo Tavares
Enviado por Arlindo Tavares em 31/10/2010
Código do texto: T2588257
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