Comunicado – Fúnebre
MORRE JOSÉ SILVA GUSMÃO – EM 22.10.2010
“A vida é uma sucessão de acontecimentos inevitáveis, como o sol, a chuva, a tempestade, o dia e a noite; ninguém pode evitar que chova ou que o vento um dia em furacão arrase tudo”. Assim dizia o dramaturgo Joracy (*) Camargo, brasileiro, na grande peça “Deus lhe Pague”, que se tornara filme de muito cartaz até no exterior. Estrelado pelo inigualável Procópio Ferreira, pai da nossa queridíssima artista Bibi Ferreira.
Pois bem, há trinta dias fui visitar meu irmão na UTI de um hospital aqui em Olinda, grande Recife, fato que me surpreendeu, pois ele andava, falava, sorria, brincava, negociava, dirigia veículos e se dedicava à família, por sinal homem de uma só mulher. Ele estava aparentemente bem, mas os médicos o examinaram e resolveram por fazer uma cirurgia cardíaca, eis que havia uma obstrução que poderia ser fatal.
Ele falou que não queria fazer a cirurgia, pois estava se sentindo bem, não tinha dores, falava, via, ouvia, andava, etc. Eu, como já havia feito cirurgia cardíaca, o incentivei a aceitar o que os médicos diziam, pensamento, aliás, que também era de sua esposa e filha médica.
Finalmente, aceitara, o seu plano de saúde não queria pagar, porém terminou acedendo. Feito o procedimento, nunca mais ele acordou, não abria os olhos, não se mexia, nem balançava a cabeça, os rins não funcionavam, assim como se morto estivesse.
Diante desse quadro, no dizer dos médicos, a circulação dele ficou complicada, gerando daí a necessidade de amputar suas pernas. Bem, fazer esse serviço com ele desacordado e ainda com anestesia, claro que não é nada dolorido. Disseram que foi tudo tranquilo...
A verdade é que desde a última vez que consegui vê-lo, antes da cirurgia, nunca mais tive esse direito, por ser muito emotivo e a minha reação poderia ser desastrada, isso o que diz a minha família. Como que está tudo tranquilo se eu não o posso ver, me perguntava a mim mesmo!
Hoje fui à rua buscar umas telas que mandei colocar molduras; no caminho, quase que bato o carro duas vezes, mas escapei. Quando chego a casa, a triste notícia: “Ele morreu hoje”, quando deveria ser: “Eles o mataram hoje”, pois se ao entrar no hospital ele fazia de tudo como é que depois de trinta dias devolvem meu mano sem vida?!
Estou inconformado, incontrolável, o choro domina todo o meu ser, meu coração quer sair pela boca, cheguei a duvidar do Pai. Meu Deus, como é que uma criatura santa dessa morre, enquanto você deixa viverem assassinos, estupradores, assaltantes de bancos, exploradores de drogas, pedófilos e uma plêiade de gente ruim neste mundo. É a mão do satanás se sobressaindo à do Senhor, só pode ser...
Morre um sujeito do bem, um pai de família exemplar, um irmão para o que desse e viesse, um negociante pequenino, mas que conseguiu formar seus quatro filhos, na dureza, no sacrifício, até mesmo em detrimento de si próprio, controlando despesas, observando seu orçamento, a fim de não decepcionar os credores.
Em minha opinião essa história não está bem contada, pois como é que você vai fazer uma cirurgia cardíaca e morre com as pernas amputadas; talvez a cirurgia das pernas tenha sido feita para justificar que já havia falecido antes...afinal qual a causa da morte mesmo?
Possivelmente não estarei por aqui no RL. Não sei aonde curtir a minha dor, o meu sofrimento com essa partida.
Meu abraço a todos que fizeram preces e se engajaram nas orações pelo restabelecimento dele. Para onde quer que vá com certeza saberá o nome daquelas criaturas de bem...
(*) É Jo mesmo.
Em revisão/construção.