Sabedoria

Wilson Correia

Conhecimento não é sinônimo de sabedoria. Conhecer é ato que fica restrito ao âmbito do indivíduo que conhece, ao passo que a sabedoria é relação com o mundo, compreendendo aí as pessoas e outros seres com os quais deparamos no dia-a-dia de nossa existência.

Possuir muitos dados é outro fato que não resulta necessariamente em vivência balizada pela sabedoria. De que adianta o dado de que quase um bilhão de pessoas no mundo ainda padecem com o flagelo da fome, se nada é realizado para que essa catástrofe tenha fim?

Erudição, por sua parte, é apenas erudição, e não indica presença de sabedoria. De que adianta saber quem foi Anaxágoras, Aristóteles, Sêneca, Agostinho, Descartes ou Kant, entre outros, se o que eles produziram em termos de compreensão sobre o mundo não me ajuda a vivenciar a vida que tenho em minhas mãos?

Hoje, informações se espalham mundo afora como o ar em nossas narinas. Mas, informação não é conhecimento, nem sinônimo de sabedoria. Se as informações não forem cognitivamente tratadas e transformadas em conhecimento, por meio da compreensão, elas não farão a menor diferença em nossas vidas.

As vivências concretas, dia a dia, são as ocasiões de ouro para que possamos elaborar nossos dispositivos de sabedoria existencial. É na vida concreta que erudição, dados e informações, para além de se tornarem apenas conhecimento dentro de nós, podem ser estendidas juntamente com o bom senso para nos dar sabedoria.

Sabedoria é tino e juízo extraídos de vivências curtidas, sentidas e saboreadas com os sentidos e com a razão. É por isso que sabedoria não existe sem julgamento, o ato imprescindível às nossas valorações, as quais não ocorrem sem que pensemos, reflitamos e façamos o peso do valor de cada decisão orientar as escolhas que podemos fazer.

Sabedoria é a vivência motivada pela busca do bem ético que só os seres sensíveis e racionais podem idealizar e, de fato, experimentar.

Não se trata de uma quimera.

Pode ser um estilo existencial.