Logo estarei de volta com meus poemas e contos.
Falta pouco para que eu termine as revisões do
meu romance “O Espelho” e logo na segunda-feira
o encaminhe a editora Baraúna.
 
Deixo aqui um trecho deste meu livro para
que tenham uma breve idéia de como ele será.
 


 ***
 

 

  Suas lembranças eram poucas a respeito de si mesmo, apesar de viver ali por vários séculos. Nem mesmo sabia o que era na realidade, apenas tinha consciência de que estava vivo, podia ver tudo à sua volta, mas em nada podia tocar, tampouco ir além do lugar onde sempre estivera vivendo.

 Lembrava com muita clareza do dia em que despertou naquele lugar, mas, apesar de todo esforço, não conseguia saber como havia ido parar ali e onde esteve antes.

 Não sentia fome, nem calor, ou frio. Entretanto, sentia uma necessidade enorme de conversar com as pessoas que apareciam na sua frente e, apesar das inúmeras tentativas, nunca havia conseguido ser ouvido por ninguém. Isso o deixava triste e o fazia sentir-se mais solitário.

 O mais interessante é que ele sabia muito sobre a vida da humanidade. Não só no que se referisse à vida material, mas muito mais da vida espiritual. Contudo, não sabia como possuía todos esses conhecimentos.
 Isso o deixava bastante intrigado.
 
 
                                       ***
 
 
 Por sua vez, Andreina engolia em seco e apontando para o espelho, com muito esforço conseguiu dizer:

 - Ele... Ele... Ele falou comigo.  Falou... Ele falou comigo...
 Os filhos olharam em direção ao espelho e não entenderam nada. Olharam em volta procurando ver alguém e, como nada viam, voltaram-se para Andreina dizendo que não estavam entendendo o que estava acontecendo.

 - Mamãe, acalme-se um pouco, por favor - implorou Carol e virando-se para um dos garotos, pediu - vá buscar um pouco d’água com açúcar pra ela Alexandre.

 - Eu sou o Alessandro - respondeu o garoto.
 - Não importa. Vá buscar assim mesmo - disse isso aos gritos.

  Depois tentou consolar a mãe, que agora começava a chorar.

 
- Mamãe, acalme-se... Não fique assim. Pode explicar-me o motivo de tudo isso?
 - Eu estou dizendo que ele falou comigo - disse isso apontando novamente em direção ao espelho.
 - É só um espelho, não vê? Espelhos não falam, a senhora sabe disso tanto quanto eu.
 - Mas este fala, eu juro!
 
  
  
  
  
  
  















  
 
Carlos Neves
Enviado por Carlos Neves em 11/09/2010
Reeditado em 11/09/2010
Código do texto: T2491582
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