Relações Familiares
Prólogo:
Todos sabem o quanto é bom lembrar e ser lembrado, ser querido, útil e necessário. É excelente termos a certeza do reconhecimento do dever cumprido, o descanso justo e merecido; o reconhecimento dos amigos, familiares. No trabalho é gratificante termos os superiores e subordinados em sintonia com as nossas iniciativas e desempenhos funcionais.
É ótimo desencarnar com luz difusa, música celestial, exalando essência exótica e desconhecida do mundo material, tendo por mérito quem nos conceda a extrema-unção exteriorizada por um sorriso, um afago, ou mesmo um singelo e fraterno abraço.
Foi com esses pensamentos que busquei uma mensagem alvissareira que norteassem as relações interpessoais, que confortassem os familiares que se digladiam sem compreenderem os reais motivos de tantas querelas sofridas. Queria eu partilhar esses ensinamentos com os meus leais e dedicados leitores.
Desejei e finalmente encontrei na Redação do Momento Espírita essa luz há muito tempo ansiada.
Com base no cap. 20 do livro Iluminação interior, pelo Espírito Joanna de Ângelis, psicografia de Divaldo Pereira Franco, ed. Leal, resolvi divulgar para meus leitores essa preciosa mensagem:
RELAÇÕES FAMILIARES
"O lar, na Terra, é um bendito laboratório para as experiências da evolução do Espírito. A família constitui uma verdadeira escola na qual recebemos aquilo que, afetivamente, para nós está reservado, nesta existência. Este núcleo de convivência é um educandário de excelente qualidade para os ajustes das mais variadas naturezas, sendo, sempre, uma oportunidade de crescimento espiritual.
Retornam, como nossos familiares, Espíritos com os quais necessitamos conviver e aos quais devemos aprender a amar. Na vida familiar os Espíritos vinculados têm a convivência necessária para aprender comportamentos saudáveis, para praticar o amor e o respeito mútuos. É por esta razão que habitualmente não se tem a família que se gostaria de ter, mas aquela que necessitamos para valiosas conquistas espirituais.
Deus, em sua imensa bondade, frequentemente, nos permite o retorno, junto a alguns Espíritos com os quais já tenhamos evoluído afetivamente, sendo, para nós, os familiares que mais nos amam e por nós são amados. É possível entender, portanto, que o ambiente que temos em nossa casa é resultado da semeadura que fizemos em passado distante.
Por esta razão não devemos desdenhar a família que temos, e, muito menos, desejar abandoná-la. Ao tomar tal atitude estamos deixando de aproveitar uma grande oportunidade de ajustamento. Pais desatenciosos, muitas vezes, nos são colocados para que valorizemos o amor paternal.
Irmãos que não querem nos amar, e que por vezes nos fazem sofrer, devem ter, de nossa parte, o amor como resposta, pois esta é uma maneira de progredirmos. Filhos problemáticos nos são dados para que aprendamos a amar incondicionalmente. Jamais devemos maltratá-lo ou abandoná-los.
Não lamentemos o ninho doméstico que se encontra conturbado ou desfeito, nem a solidão que possamos sentir. Entendamos que, provavelmente, é uma lição pela qual necessitamos passar no caminho de nossa evolução. Se entendêssemos que a família verdadeira é a família espiritual e que a família terrestre nos é um educandário, passaríamos a conviver melhor com nossos familiares.
Talvez, para alguns deles o amor não desabroche facilmente, mas o primeiro passo pode ser dado no momento em que aprendamos a não revidar, a silenciar se uma palavra de carinho não puder ser pronunciada. Tenhamos a certeza de que cada membro de nosso lar é uma gema preciosa, que nos é concedida para nossa lapidação, e que o convívio diário deve ser norteado no amor, no respeito, na resignação.
O lar é, em realidade, a primeira escola da vida física, e a família é o mecanismo superior para a valorização da harmonia em nossa existência. Agradeçamos sempre a Deus esta oportunidade a nós concedida e que se chama família."
CONCLUSÃO
O verdadeiro espírita vê as coisas deste mundo de um ponto de vista tão elevado; elas lhe parecem tão pequenas, tão mesquinhas, a par do futuro que o aguarda; a vida se lhe mostra tão curta, tão fugaz, que, aos seus olhos, as tribulações não passam de incidentes desagradáveis, no curso de uma viagem.
O que, em outro, produziria violenta emoção, mediocremente o afeta. Demais, ele sabe que as amarguras da vida são provas úteis ao seu adiantamento, se as sofrer sem murmurar, porque será recompensado na medida da coragem com que as houver suportado.
Ah! Depois dessa peroração é inevitável a pergunta dos notáveis leitores: Qual é a diferença entre PROVAÇÃO e EXPIAÇÃO? Explico como as compreendo dizendo:
• A PROVAÇÃO é a luta que ensina ao discípulo rebelde e preguiçoso a estrada do trabalho e da edificação espiritual.
• A EXPIAÇÃO é a pena imposta ao malfeitor que comete um crime.
Ilumino mais ainda minha resposta com a necessária citação:
"A lei das provas é uma das maiores instituições universais para a distribuição dos benefícios divinos. Precisais compreender isso, aceitando todas as dores com lieza de sentimento.
A prece não poderá afastar os dissabores e as lições proveitosas da amargura, constantes do mapa de serviços que cada Espírito deve prestar na sua tarefa terrena, mas deve ser cultivada no íntimo, como a luz que se acende para o caminho tenebroso, ou mantida no coração como o alimento indispensável que se prepara, de modo a satisfazer à necessidade própria, na jornada longa e difícil, porquanto a oração sincera estabelece a vigilância e constitui o maior fator de resistência moral, no centro das provações mais escabrosas e mais rudes." - (41a - página 147) - Emmanuel - 1940.
Arremato meu escrito repetindo um trecho do texto "Resposta a uma cisão" publicado no Recanto das Letras em 29 de janeiro de 2008. Naquela ocasião eu respondia a uma questão proposta por minha amada filha Fabianne. Ela me perguntou:
"Como poderei alterar esta paisagem de agonia em que me encontro, após decepção afetiva, pois o rancor quer dominar e corroer meu espírito como uma ferida crônica, enfermidade de mau caráter?"
Respondi emocionado e feliz por me encontrar em condições excelsas de dar uma resposta esperançosa, abalizada, inspiradora de sonhos com dourados estios:
- Amando a aflição! Quando se ama a objeção ela diminui de intensidade, quando se ama a vida ela se apresenta menos severa. O amor muda quem ama e altera para melhor o mundo em que vive.