Para refletir sobre os tempos difíceis!!
Viver, às vezes, é remar contra a maré. Ou somos nós, no nosso inconformismo, no nosso vício humano, que sonhamos dominar o tempo e seguimos no contra fluxo.
Somos seres presentes e é justo nesse fato que estão nossa beleza e nossas limitações. Só podemos viver o agora. O futuro nos é negado, como o presente de natal que se antecipa à criança e em seguida é guardado para ser entregue na mágica noite de natal.
São essas antecipações que nos fazem ter esperança. Imaginar como será. As experiências passadas de nada adiantam, pois não conseguimos viver sem a antecipação, sem o exercício do como poderá ser.
Assumir as possibilidades é aceitar um fardo. As pessoas sem expectativas são mais leves. Mas temos que aceitar o sofrimento quando queremos mudar o mundo e não temos a estatura de uma Madre Teresa, quando não descobrimos, ainda, o cristo que habita em nós. Descobrir esse amor incondicional pela humanidade é uma dádiva libertadora que poucos alcançam, fazer o máximo com um mínimo de expectativas.
Então, nas nossas limitações, esperamos algum ganho, a sensação do sucesso, ou do dinheiro, talvez um reconhecimento que seja sincero. É aí que a humanidade chega a ser decepcionante, pois os sucessos não correspondem às expectativas e nos tornamos tigres enjaulados debatendo contra o impossível.
No mundo real, tudo que se faz é pouco e tudo que se recebe é muito, mas isso, quando somos parte da ação tem facilmente a sua ordem invertida. Habita aí nosso sentimento de injustiça?
Quando fazemos um acordo, geralmente esperamos do outro, que cumpra a sua parte. Antecipamos o presente, alcançamos a meta e não temos o prêmio prometido. O presente é guardado, a frustração estampada. Esperam de nós uma reação positiva, um sorriso abnegado e dócil. Mas não somos dóceis, nos deprimimos, sofremos, lutamos com nossos pensamentos. Habita aí a nossa liberdade?
Voltamos-nos, então, como quem afoga e aceita o oceano, à calma das lembranças, do companheirismo compartilhado, das vitórias que não se valorizam, mas estão lá. A roda em volta do fogo, tendo o céu infinito e suas estrelas como testemunhas do nosso esforço, uma amizade crescendo na simplicidade, o tempo voltando para fechar mais um laço. Então compreendemos. Habita aí a nossa redenção.