Correndinho

Os anseios são grandes

Grandes são as angústias

Grande é a noite que não cala

Grande é a descrença, grande a renúncia

Para atrever-se a olhar o outro lado do muro

Grande, grande, grande...

Grande o Amor que a vida tem

Grande o segredo que no mundo habita

Grande, muito grande, o susto de acordar e se perceber ainda vivo

Grande a voz que entoa o pulsar no Universo

Grande a voz do homem que não esqueceu os seus caminhos

Grande, grande, muito grande

Grande é a pergunta, curta é a resposta

Grande são os astros no firmamento

Grande é a fé no Cosmos

Grande é a solidão quando se é uma estrela

Grande é o espanto de não se ser no Universo nem um pontinho

Grande, grande, como é grande:

A falta de amor num Cristo

A fila dos esquecidos

A noite pra quem não tem hora, não tem ontém, nem amanhã, não tem nada. De seu, só o corpo flajelado pela insanidade humana, pelos equívocos humanos

Grande a arrogância dos senhores para quem o dinheiro é um vício

Grande o choro da criança cuja mãe esqueceu como niná-la

Grande, grande, grande...

Grande o silêncio que dá vida à madrugada

Grande a paz quanto se encontra o “Eu” distante

Grandes são os sonhos que permeiam cada nova alvorada

Grande é a vida em seus mistérios mais profundos

Grande é a vontade de encontrar o Amor...

...e nada mais.