*AOS ESTUDANTES UNIVERSITÁRIOS*

Caros Colegas do Primeiro Período de Psicologia*

Um semestre já se passou. Estamos findando o primeiro semestre de um curso superior que vai mudar não só a nossa vida, como também ajudar a melhorar a qualidade de vida da sociedade, pois nós seremos os disseminadores dessa melhoria.

Em que se difere a pessoa que entrou aqui com tantas expectativas, deste acadêmico hoje, após um semestre estudando? Qual é a diferença entre o indivíduo que éramos antes e que somos agora, depois desse tempo de estudo?

Muitos poderão responder que a diferença é que se está mais inteligente, ou que vê as coisas dentro da Psicologia de modo diferenciado do que via antes, outros ainda dirão que estão desapontados com algo - ou com muitas coisas -, outros até estarão pensando em desistir... As opiniões tendem a pender do entusiasmo por estar aprendendo, ao desapontamento por não ter conseguido adquirir o aprendizado que se almejou.

Mas e ai? É só isso? Desejar boas férias aos colegas, ficar feliz por estar caminhando pro segundo semestre e curtir o tempo sem aulas? Não... Acho que neste ponto é necessário abrir um parênteses.

É sabido que o mundo está cada vez mais individualista. Cada vez mais as pessoas pensam mais e mais e mais em si mesmas. Em seu crescimento pessoal, em como ganhar dinheiro, em como adquirir bens de consumo, em como ser reconhecido perante a sociedade. Muitos fatores levam as pessoas ao individualismo... Mas muitos fatores podem também modificar essa postura.

Posso dizer, de mim, apenas... Que sempre pensei mais em mim mesma. Principalmente porque como estamos pagando um curso superior, a tendência é ter esse pensamento mesmo, 'o que importa é o meu crescimento', 'o que importa é o meu aprendizado', 'não ligo se os outros não prestam atenção, o que importa é que eu estou aprendendo'.... Será que é isso mesmo o que realmente importa?

Depois de termos passado pelos campos de atuação, o campo da psicologia organizacional modificou algo dentro de mim, conjuntamente com a leitura daquele livrinho verde [A postura do facilitador de grupos nas Organizações - Marise Jalowitzki]- bendito seja - constatei que, não pode importar apenas nós mesmos. Para realizarmos um trabalho é necessária uma equipe. Para sermos os melhores profissionais do mercado, também é necessário trabalhar em equipe desde agora. Então, temos o dever de trabalharmos em detrimento da melhoria dessa equipe, descobrindo talentos entre nós, alunos da mesma sala, da mesma faculdade. Pessoas interessadas no outro – porque no fim o que fica mesmo são as pessoas...

Nós como futuros psicólogos não podemos deixar de começar a mudar esse panorama. É momento propício esse, agora, dentro de uma faculdade onde se formam as opiniões. Vejo que muitas vezes procuramos nos sentar sempre perto de pessoas mais inteligentes que nós, ou até mesmo parecidas. Talvez por afinidade, talvez por outros tantos motivos. E na hora de fazer um trabalho em grupo, o que mais se ouve é: 'ah! Não quero fulano no grupo, ele é desatento, não estuda, blá blá blá blá blá...'. E muitas outras coisas mais. Isso já aconteceu comigo, eu já me recusei fazer trabalhos com muitas pessoas, já tive atitudes das quais não tenho como não me envergonhar.

Todavia, Marise Jalowitzki ensinou-me uma lição valiosa. Ela e a psicologia: é preciso humanizar as relações.

Ser humano. Sermos humanos. Desejar o crescimento do grupo, desejar a melhoria das coisas pensando na totalidade, não na individualidade. Afinal, seremos psicólogos, trabalharemos com pessoas que querem melhorar suas vidas. Como plantaremos entre as pessoas a necessidade de se dar bem com os outros, como podermos dizer que as pessoas são importante pra nós, se pensarmos só em nós mesmos?

Convido vocês meus colegas: Vamos nos unir, em prol de uma faculdade – privada sim, mas reconhecidamente de qualidade, porque a faculdade também somos nós - , que lança no mercado profissionais que estão aptos a melhorar a sociedade, porque a melhoria tem que começar dentro de nós mesmos, e aos poucos conseguiremos fazer as mudanças na sala de aula, depois na faculdade, depois na nossa cidade, no país, e, assim, ganharemos o mundo. E isso não é uma visão utópica das coisas.

Vamos olhar com mais carinho pro nosso colega que tem mais dificuldade em se expressar, vamos ser mais tolerantes, deixar de pensar apenas no nosso conhecimento, vamos provar a interação como uma forma gostosa de ajudar o outro, e de ganhar também, porque sempre ganhamos quando compartilhamos. Vamos montar grupos de estudo, fazer a diferença dentro do nosso curso. Todos nós somos capazes de melhorar, de modificar o mundo, de crescer. E isso o próprio humanismo diz há muito tempo.

Se agirmos como uma equipe, pensando um nos outros e no bem comum, quando fizermos a prova do ENAD [prova que avalia todos os cursos superiores do país, as universidades e os alunos] , não teremos medo de que nossa faculdade [e conseqüentemente nós] ganhe uma nota ruim, porque saberemos que ajudamos uns aos outros a se prepararem, saberemos que apesar de sermos diferentes, lutamos todos por uma melhor qualidade de vida que nos leve à felicidade, material, intelectual e espiritual.

Vamos lutar contra o individualismo. Vamos, sim, lutar pela individualidade de cada um dentro do grupo, e vamos fazer com que nossa classe [de psicólogos] seja desde agora mais unida. É isso aí gente. Vamos refletir.

Boas férias pra todos nós!

* Curso da FAPAN - Faculdade do Pantanal

Milena Campello
Enviado por Milena Campello em 21/06/2010
Reeditado em 21/06/2010
Código do texto: T2332933
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