AGUAS QUE LAVAM, LIMPAM E REVIVEM

Nos últimos meses vivemos uma grande escassez de chuvas. As águas foram diminuindo gradativamente a ponto de faltarem até para o consumo humano em determinados locais. Pessoas se mobilizaram em correntes de orações pelas chuvas e invariavelmente à nossa volta, a natureza, onde não se encontrava morta, estava agonizando. Animais não resistindo, árvores secando, tristeza e desolação se somavam a um ambiente marrom, escuro e hostil. E de repente as chuvas chegam e em pouco tempo o cenário muda. Onde existia a secura, o verde volta a existir, os animais se recuperando, a sede acabando e a vida voltando onde se alojava a morte e a agonia. Aos poucos até a nossa esperança vai retomando o dia a dia, e aquelas vozes outrora tristes, clamando pelas chuvas, agora se transformam em um coro de ação de graças pela chegada das tão abençoadas águas. De qualquer forma precisamos também de tirar uma lição da grande estiagem que atravessamos nestes meses. Muitos de nós se encontram assim também. Secos, quase que verdadeiros desertos humanos onde a vida sumiu aos poucos. As decepções, as tristezas, as frustrações, foram acabando com as águas que corriam dentro de nós e assim nos

sentimos como os campos nos últimos meses: espaços sem vida, sem alegria, sem esperança. Vamos permitindo que a desertificação vá avançando para dentro de nós como a estiagem a cada dia. E nos falta água. Falta água do amor, da fé, da esperança, do carinho. Falta água até mesmo para o nosso consumo próprio e por isso ficamos impedidos de levar água a alguém. Falta tanto, que sentimos sede.

Não a sede física, que acabamos com um copo de água, mas a sede emocional, a sede interior. E nesse momento temos que, assim como aquelas pessoas que clamavam pela chuva, clamar para que aquele que nos fez, faça cair uma chuva dentro de nós. Uma chuva que lave nosso egoísmo, nossa mesquinharia, nosso preconceito, desamor, ódio, insatisfação. Uma enxurrada que arraste para longe de nós as mágoas, o rancor, as tristezas. E assim, onde estávamos mortos e desérticos, novamente a vida vai voltar e se fazer presente em abundância. Temos que nos permitir receber essa chuva de bênçãos para que o melhor de dentro de nós, volte a florescer e dar frutos. Chega de estiagem, chega de desertos interiores, chega de

morte e tristeza. Permita-se chover por dentro como a natureza nos últimos dias. Não importa se terá que ser uma chuva mansa ou torrencial. Mas permita-se chover por dentro, de modo a lavar e limpar tudo o que não presta e deve ser removido, e permitir que uma nova vida brote dentro de você.