A ESQUINA DOS QUATRO VENTOS!
* Nadir Silveira Dias
Na marítima cidade de Rio Grande que me acolheu e criou a ponto de tornar-me legalmente seu filho, pois lá me registrei em época próxima de ir servir ao Exército, ainda há uma esquina que corresponde ao título deste trabalho.
É assim conhecida porque também corresponde aproximadamente aos quatro pontos cardeais e nessa exata circunstância autêntico corredor de ventos, especialmente numa península em que somente não existe água por onde se chega por terra, vindo do norte para o sul e depois infletindo, de novo, para o norte, por onde avança até avistar-se, do outro lado do canal – encontro das águas da Lagoa dos Patos com o Oceano Atlântico que sempre invade um pouco as águas doces, apesar de um pouco já contidas pelos Molhes Leste e Oeste, da Quarta Seção da Barra, grande obra de engenharia para aplacar a agressividade oceânica, especialmente para as embarcações de grande calado que precisavam atracar no antigo Porto Velho e agora também no Porto Novo.
Aliás, é daí desse ponto onde se chega, o Mercado Público - junto ao Porto Velho – onde também estava o Embarcadouro para a Travessia desse Canal que se fazia por balsa ou por barcos para a também histórica São José do Norte (aquela mesma da minissérie “A Casa das Sete Mulheres”) que Bento Gonçalves se negou a incendiar na trágica noite de 16 de julho de 1840, então uma vila com 300 casas e 500 habitantes, por ocasião da Revolução Farroupilha, na fracassada tentativa dos farrapos de ter o domínio de uma saída para o mar.
E partindo-se daí para o Norte pode-se em tese alcançar a denominada Estrada do Inferno, trecho final da BR-101, cujo objetivo é alcançar o ponto extremo Sul do Brasil pelo litoral, e por terra, o Município de São José do Norte.
Esse trecho leva esse nome exatamente pela inclemência da orla oceânica para a construção e a manutenção da estrada cuja areia faz atolar qualquer vivente motorizado que se atreva a circular por ela.
A esquina dos quatro ventos é formada pela Rua Marechal Floriano com a Rua Benjamin Constant as quais constituem, na verdade, quatro esquinas, uma olhando para a outra, como se estivessem em vigília permanente à espera da próxima rajada, da mais áspera ou da mais ligeira ventania, do vento mais frio, do rigor mais cortante, em minuano ou pampeiro.
E esse denominador comum de referir-se apenas como se fosse uma só esquina decorre exatamente disso: Do fato de que nenhuma delas tem melhor situação estratégica de proteção do que a outra. São todas igualmente sempre com vento, com as variações decorrentes de cada época do ano.
E houve tempo em que a esquina dos quatro ventos foi também a esquina dos quatro bancos: Banco do Brasil, Banco Francês e Brasileiro, Sulbanco e Banco da Província, os três últimos hoje inexistentes porque fundidos ou incorporados aos poucos que restaram nesta sanha catastrófica de concentração de renda pelos organismos financeiros, tudo com o aval, com a autorização do nosso esplendoroso Estado Soberano de Direito através do respectivo governo da vez.
Para conhecer, é preciso mergulhar um pouco na história e conhecer a origem do Rio Grande português de 19 de fevereiro de 1737, da Catedral de São Pedro da Província do Rio Grande, primórdios da presença estatal portuguesa num Rio Grande que ao noroeste já era espanhol desde 1626.
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* Escritor e Jurista – nadirsdias@yahoo.com.br