30 de maio: Dia da Recordação
Em malas, gavetas, baús e sacos há muito para recordar. É um traço característico do ser humano. Há títulos de poemas, letras de músicas, romances alicerçados no tema. Casimiro de Abreu, lá no século dezenove, do alto de sua juventude, corroída do mal do século, chorava saudade de seus oito anos à sombra das bananeiras , debaixo dos laranjais. Alvarez de Azevedo tinha uma certeza: morreria aos vinte e dois anos . Falava poemas nos quais recordava enlevos dos tempos de menino e moço. “Recordar é viver” foi/é refrão para muitas gerações.
Esse Dia da Recordação autoriza-nos a compartilhar momentos do passado. Momentos de história de vidas. Coloco, aqui, uma recordação amada que mora comigo: minha irmã Sandra. Dizer que lembro dela não é termo apropriado, já que vive conosco—minhas três irmãs e eu—e está em nós. Se partiu, num dia feio de agosto, horas após completar dezenove anos, a partida serviu para que, mais intensamente, repartíssemos nosso cotidiano com ela.
A casa não existe mais. Quer dizer, claro que está aqui no lugar privilegiado de nossas lembranças de brincadeiras, briguinhas bobas, refeições alegres, temas de aula ao redor da grande mesa da sala de jantar, e dos tempos de namoro pelos sofás . Casa que viu alegria de nos amarmos muito e de sermos amigas verdadeiras; casa que sentiu nossas preocupações e tristezas... Porém, o que mais essa casa grande e amarela guarda, e espalha entre nós, são risos, perfumes de sábado à tardinha, o cheirinho de acetona e esmalte de unhas em preparativos para encontrar nossos namorados. Ficam, também, na casa derrubada (para os outros, não para nós), piano a quatro mãos, tricôs, ruído de máquina de costura, o sótão-paraíso, aconchego de cobertas de pena esparramando sol por nossos sonhos, assobios de Vovô, cozinha de Vovó, sobremesas de Titia. E a certeza de que o mundo era nosso e nele, naquela casa, tínhamos certeza de amor, carinho, felicidade.
Recordar pode até ser viver, desde que não esqueçamos de sentir e aproveitar cada dia e de olhar, com esperança, o futuro. Recordações são mágicas, pois permitem viagens a lugares fora de rotas turísticas. Podem ter um preço: algumas lágrimas boas pelo reencontro de nós mesmos com aqueles a quem sempre amaremos. Recordações trazem embutidas a certeza de que nunca partiremos: alguma eternidade está garantida em lembranças nos que permanecem. Basta amar e querer.
Em malas, gavetas, baús e sacos há muito para recordar. É um traço característico do ser humano. Há títulos de poemas, letras de músicas, romances alicerçados no tema. Casimiro de Abreu, lá no século dezenove, do alto de sua juventude, corroída do mal do século, chorava saudade de seus oito anos à sombra das bananeiras , debaixo dos laranjais. Alvarez de Azevedo tinha uma certeza: morreria aos vinte e dois anos . Falava poemas nos quais recordava enlevos dos tempos de menino e moço. “Recordar é viver” foi/é refrão para muitas gerações.
Esse Dia da Recordação autoriza-nos a compartilhar momentos do passado. Momentos de história de vidas. Coloco, aqui, uma recordação amada que mora comigo: minha irmã Sandra. Dizer que lembro dela não é termo apropriado, já que vive conosco—minhas três irmãs e eu—e está em nós. Se partiu, num dia feio de agosto, horas após completar dezenove anos, a partida serviu para que, mais intensamente, repartíssemos nosso cotidiano com ela.
A casa não existe mais. Quer dizer, claro que está aqui no lugar privilegiado de nossas lembranças de brincadeiras, briguinhas bobas, refeições alegres, temas de aula ao redor da grande mesa da sala de jantar, e dos tempos de namoro pelos sofás . Casa que viu alegria de nos amarmos muito e de sermos amigas verdadeiras; casa que sentiu nossas preocupações e tristezas... Porém, o que mais essa casa grande e amarela guarda, e espalha entre nós, são risos, perfumes de sábado à tardinha, o cheirinho de acetona e esmalte de unhas em preparativos para encontrar nossos namorados. Ficam, também, na casa derrubada (para os outros, não para nós), piano a quatro mãos, tricôs, ruído de máquina de costura, o sótão-paraíso, aconchego de cobertas de pena esparramando sol por nossos sonhos, assobios de Vovô, cozinha de Vovó, sobremesas de Titia. E a certeza de que o mundo era nosso e nele, naquela casa, tínhamos certeza de amor, carinho, felicidade.
Recordar pode até ser viver, desde que não esqueçamos de sentir e aproveitar cada dia e de olhar, com esperança, o futuro. Recordações são mágicas, pois permitem viagens a lugares fora de rotas turísticas. Podem ter um preço: algumas lágrimas boas pelo reencontro de nós mesmos com aqueles a quem sempre amaremos. Recordações trazem embutidas a certeza de que nunca partiremos: alguma eternidade está garantida em lembranças nos que permanecem. Basta amar e querer.