VERDADE RELATIVA/VERDADE ABSOLUTA
A natureza dos fenômenos, bloqueada pela nossa ignorância, está “totalmente oculta”
Mas aquilo que essa ignorância projeta aparenta ser verdade.
Então o Buda falou sobre a “verdade totalmente oculta”
E, assim projetados, os fenômenos “ocultam tudo”.
Aqueles que sofrem de alguma disfunção nos olhos
Irão falsamente pensar que enxergam linhas escuras e outras coisas,
Mas olhos saudáveis verão o que realmente existe.
A “talidade” *, devemos compreender, é parecida com isso.
Se a percepção ordinária gerasse conhecimento válido e verdadeiro,
A “talidade” seria vista normalmente.
Para que então os Sublimes? Qual a necessidade de caminhos elevados?
É incorreto tomar a mente tola como a consciência verdadeira.
(
Chandrakirti, no Madhyamakavatara 6 | 28-30)Jamgon Mipham Rinpoche, em “Introduction to the Middle Way”
A natureza ou realidade última dos fenômenos está escondida de nós devido à ignorância. Essa natureza é mal compreendida e não é percebida como realmente é.
Essa percepção enganada é chamada de nível relativo ou “que tudo oculta”, porque encobre ou obscurece a realidade absoluta dos fenômenos.
Fenômenos relativos, concebidos pela ignorância, aparecem como se fossem verdadeiros para quem os percebe. É por isso que o Buda se referiu a eles como verdades relativas ou “que tudo ocultam”.
* talidade: significa “qualidade de tal”. O “tal” é usado por ser impossível se referir diretamente para onde esse conceito aponta. É a adaptação de uma das palavras mais difíceis de traduzir do sânscrito: “tathata”. Seu significado seria algo como “realidade que não pode ser referida com conceitos, mas que é a natureza absoluta dos fenômenos”. A palavra em português vem do inglês “suchness” (ou “thusness”), que tenta expressar a mesma coisa. Um dos sinônimos de Buda é “Tathagata”, algo como “que foi-para/veio-da talidade”.
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