Palavras...
Essa semana foi diferente pra mim, e está. Meu cérebro teimou em evoluir. Que bom! Não gosto muito dele certinho e careta (risos). Um velho e querido amigo de bom coração e muito inteligente, diretor Teatral encomendou-me um serviço, que representa para mim um presente muito especial (risos)! Trouxe-me muita felicidade, nem tenho palavras pra agradecer. Vai demorar um pouquinho pra eu me concentrar no presente pela euforia, quero dizer no trabalho, será preciso muito empenho, mas saibam amigos que nunca estive tão empolgada em dedicar meu precioso tempo a arte de escrever. De usar palavras, pensar palavras, escrever palavras poetar palavras. Eu amo as palavras, lidar com a voz e silenciar na mesma voz. Sendo assim, pretendo fazê-lo bem feito.
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Pois então.
É muito interessante como as idéias vão surgindo antes de serem transcritas para o papel. Geralmente eu penso numa coisa do nada. E do nada eu gravo na memória ou esqueço. Então eu vejo uma coisa que me faz lembrar de tal coisa que foi pensada, aí volto a refletir sobre aquilo. E esse processo demora um tempinho bom, lembrando e esquecendo, formulando teorias mirabolantes no pensamento, dentro do ônibus ou no carro, passeando pela calçada, deitada, sentada diante do PC... Rabiscando pedaços de papéis... Sentindo e formulando, formulando e olhando pra dentro de mim e fluindo algo tão incomum que por vezes fico sem entender. Perco-me no meu entendimento... Espero a inspiração.
E hoje foi o estopim de uma dessas formulações. Outro dia estava pensando o quanto não temos controle das palavras. Porque falar é assim, de uma hora pra outra sai um monte de fonema da boca, que possuem um milhão de significados, que dependem do tom de voz, da hora, do valor atribuído a cada palavra direcionada a alguém ou a alguma situação.
Aí pronto.
Falou está falado.
Soltou no ar e pronto.
Daí por diante não nos pertence, não tem como voltar, não tem como controlar. E pode-se caprichar naquele discurso, e o ouvinte não entender nada ou entender tudo errado. E você pode falar sem pensar e ferir alguém. Ou então apenas pode pensar bastante JUSTAMENTE para ferir alguém. Pode ser impulsivo ou reflexivo e mesmo assim não tem controle sobre a interpretação do que está sendo dito. E eu acho isso tão perigoso!
Claro que não se reduz apenas às palavras, tudo o que foi dito inclui também ações e comportamentos. Mas eu fico mais impressionada com o poder que a palavra exerce.
Você pode usar pra mentir, ser rainha, astronauta. Pode usar para convencer, para compartilhar, para conhecer, para ignorar, maltratar, ser indiferente. E você pode NÃO usar simplesmente. E até nisso seu NÃO poderá estar presente, e a ausência da fala pode querer dizer muitas coisas, pode causar conseqüências de dimensões absurdas (maior ate do que grandes oratórias). O silêncio também fala.
Diz o ditado que “Quem tem boca vai a Roma” (tudo bem que o ditado certo é “Quem tem boca vaia Roma” e ele foi modificado... risos), mas eu acredito que a palavra é uma ótima ferramenta mesmo, pode nos levar a um lugar, conhecer gente, pode magoar e pode ser muito magoado também e pode ser fundamental e decisivo em nossa vida.
E já que temos a opção de refletir bem antes de usá-las acho que nada mais correto do que pensar muito bem em como utilizá-las a nosso favor. Podemos prever as conseqüências de certas ações, se pudermos usar cada expressão a nosso favor, VAMOS APROVEITAR. Talvez assim sejamos donos de nossas atitudes e conseguiremos delas apenas as conseqüências que desejamos (sem o dano da má interpretação).
A nossa língua pode ser bem afiada, mas geralmente nossos ouvidos são sensíveis. Então talvez seja mais importante usar a mente para controlar tanto um quanto o outro.
Da mesma forma são as palavras transcritas para o papel essas que gosto tanto de ler, escrever em forma de poema e também silenciar.
Essa sou eu tentando ser melhor e agradecendo às pessoas de bem que como esse meu bondoso amigo me presenteiam com um papel tão importante na história da vida, diretamente para a história da MINHA vida. Que usemos sempre palavras certas.
Rio, 20/05/2010 – 19hs