PEÇO PERDÃO

Publicamente venho solicitar o perdão.

O perdão de todos a quem direta ou indiretamente

tenha feito sofrer.

Se em algum momento eu magoei a você, por ter dito

ou ter deixado de dizer algo, me perdoe.

Se em um instante ou outro eu ofendi a você,

por ter agido ou ter deixado de agir, me perdoe.

Se em algum dia voltei as costas pra você, ou

deveria ter me retirado, me perdoe.

Se em alguma ocasião estive presente ou deveria

estar ausente, me perdoe. Do mesmo modo, se em

algum tempo estive ausente ou deveria estar

presente, me perdoe.

Refletindo sobre minha vida, tenho diante de mim

os meus erros, que são muitos.

Venho carregando, então, meus pecados diante

de mim e somente o seu perdão poderá mitigá-los.

Não estou esperando que você me aceite, mas somente

que me perdoe.

Se em determinada ocasião você achou que eu deveria

agir de certa maneira, mas eu agir diferente,

me perdoe.

Perdoe-me por enganar-lhe a meu respeito, mas se

em alguma hora pareceu-lhe que eu odiava a você ou

a quem você ama, acredite que não odeio a ninguém.

Porém, se for muito difícil perdoar-me, eu peço,

por aquilo que lhe for sagrado, não carregue esse

sentimento a meu respeito para meus descendentes.

Veja, minha filha em breve irá nascer e ela não

tem absolutamente culpa alguma de meus erros.

Se você não puder amá-la eu peço que, pelo menos,

não lhe deseje mal.

Corintianos e palmeirenses, flamenguistas e

vascaínos, cruzeirenses e atleticanos, sãopaulinos

e pontepretanos, torcedores de outros times, enfim,

temos diferenças quanto aos nossos anseios, porém,

tudo o que disse não passou de uma tentativa de

brincar com o esporte. Mas se, acaso,isso lhe tenha

soado como ódio ou desprezo, perdoe-me.

Veja, estamos caminhando pelo mesmo planeta de

um mesmo sistema solar, em uma galáxia entre bilhões

de outras, o que é uma coincidência, portanto

incindimos uns sobre as inspirações dos outros.

Mais uma vez, então, eu lhe peço, me perdoe!

Se achar conveniente leia o texto abaixo e

peço perdão se isso que escrevi lhe ofende.

O HOMEM DA DÉCIMA PRIMEIRA HORA

Um dos ladrões crucificados com Jesus gritava:

“Lembra-te de mim, Senhor! Para Ti que me volto

neste momento. Não Te falo das minhas obras,

porque elas me fazem tremer. Qualquer homem tem

boas disposições relativamente aos seus

companheiros de viagem; eis-me aqui, Teu

companheiro de viagem para a morte. Lembra-Te

de mim, teu companheiro de viagem, não apenas

agora, mas quando chegares ao Teu Reino” (Lc

24, 42).

Que poder te iluminou, ó bom ladrão? Quem te

ensinou a assim adorar Aquele que foi

desprezado e crucificado contigo? Ó Luz eterna,

que iluminas aqueles que se encontram nas

trevas (Lc 1, 79)! “Tem coragem! Em verdade te

digo, que hoje estarás comigo no paraíso,

porque hoje ouviste a Minha voz e não

endureceste o coração” (Sl 94, 8). Por ter

desobedecido, Adão foi rapidamente expulso do

jardim do paraíso. Tu, que hoje obedeceste à

fé, serás salvo. Para Adão, a árvore foi

ocasião de queda; a ti, a árvore far-te-á

entrar no paraíso.

Ó graça imensa e inexprimível: ainda Abraão, o

fiel por excelência, não tinha entrado, quando

o ladrão entrou. Espantado com o facto, Paulo

comenta: “Onde abundou o pecado, superabundou a

graça” (Rom 5, 20). Aqueles que haviam penado

todo o dia ainda não tinham entrado no reino e

ele, o homem da décima primeira hora, é

admitido sem tardar. Que ninguém murmure contra

o Mestre: “A ninguém faço injustiça; não terei

o poder de fazer o que quero em Minha casa?” O

ladrão quer ser justo, Eu contento-me com a sua

fé. Eu, o Pastor, encontrei a ovelha perdida e

pu-la aos ombros (Lc 15, 5), porque ela Me

disse: “Errei, mas recorda-Te de mim, Senhor,

quando entrares no Teu reino.

São Cirilo de Jerusalém (313-350)

Joseph Shafan
Enviado por Joseph Shafan em 23/08/2006
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