Mantra é som
A palavra é poder criativo, o poder do mantra. Todas as línguas são sagradas, não apenas o sânscrito, e qualquer palavra ou som pode ser percebido como um mantra. Se simplesmente escutarmos sem expectativas, ouvindo o vazio por trás do som, podemos nos tornar sensíveis à sua qualidade interior e à mensagem que ele carrega.
É a música do não-ser e do despertar. O poeta Milarepa é muitas vezes retratado com uma mão em concha junto à sua orelha, escutando intencionalmente suas próprias músicas à medida que surgem de seu vazio e silêncio. Toda fala pode se tornar a poesia do dharma quando ela flui daquele sentido de espaço.
A transformação da fala comum em fala vajra é realizada pela recitação de mantras. Mantra não é apenas uma prece ou invocação; é a própria deidade. É a presença viva da deidade no som, assim como a imagem visual é a sua presença viva na forma.
Mantra é também a própria fala da deidade, a palavra de poder que executa as ações iluminadas da deidade. Como as formas visualizadas, o som do mantra se dissolve de volta para o vazio ao final da meditação. Utilizando essa prática, aprendemos a experimentar tudo o que dizemos e tudo o que ouvimos como mantra, ressoando ainda vazio como um eco.
Francesca Fremantle
Vazio Luminoso
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